Participação portuguesa na ESA faz 25 anos e passou “do zero ao 80”
Portugal entrou há 25 anos na Agência Espacial Europeia (ESA), que na sexta-feira celebra meio século, e desde então o setor espacial português passou de zero para 80 empresas e está “nas mais complexas missões”.

“A ESA celebra 50 anos e nós este ano celebramos 25 anos da nossa participação na ESA”, disse o presidente da Agência Espacial Portuguesa.
Em entrevista à Lusa a propósito do cinquentenário da agência europeia, Ricardo Conde disse que existe “um AE e um DE: um antes da ESA e um depois da ESA. A ESA foi e é um instrumento de capacitação absolutamente essencial” para o setor espacial português.
“Passámos praticamente de zero empresas para 80 hoje”, metade das quais surgiram nos últimos seis anos, desde a criação da agência portuguesa, também conhecida como Portugal Space.
Ricardo Conde considerou “absolutamente fantástico” que em 25 anos Portugal, “dando resposta a um momento atual, que é um momento de olhar para o Espaço como uma ferramenta que aborda várias questões — a questão da agenda da sustentabilidade, mas também a questão da segurança, hoje tão crítica”, tenha conseguido construir um setor espacial do zero.
Segundo o presidente da Portugal Space, este desenvolvimento permite olhar hoje para o setor “como um setor de nicho que está nas mais complexas missões”, e que tem uma preparação diferente para passar — “esta é a grande transformação” — de fornecedor de componentes e de subsistemas, para fornecedor de sistemas de tecnologia e serviços.
Este crescimento é também acompanhado pela atratividade que a área tem no âmbito da formação académica.
“Se olhar para a resposta, exatamente a partir de 2019, 2020, subiu em flecha a oferta formativa nestas áreas”, disse Ricardo Conde, considerando que se trata de “uma componente extremamente importante da modernização dos países (…): as tecnologias de satélite a dar resposta às questões societais”.
Questionado sobre o perfil das 80 empresas do setor, o responsável, com mais de 30 anos de experiência no setor espacial industrial e institucional, disse que vão desde o direito — no apoio à regulamentação –, à medicina espacial, ou à fabricação de componentes para sistemas de observação da Terra.
Medicina, segurança e defesa, agricultura, gestão marítima, gestão de território, incêndios florestais são algumas das áreas de interesse das empresas do setor espacial, disse.
O presidente da Portugal Space exemplificou que há autoestradas nos Emirados Árabes Unidos cujas portagens são cobradas por satélite através de uma tecnologia portuguesa e operadores portugueses que caminham para o “near real time”, que permite observar o território em tempo real.
“Qual é o santo graal, por exemplo, da monitorização do território em termos dos fogos ou das cheias? Não é vermos o antes, não é vermos o depois, é vermos o durante. Isso exige um conjunto de infraestruturas que se está a desenvolver, e temos empresas a desenvolver isto”, disse.
Há ainda as empresas portuguesas que trabalham para o próprio setor espacial, nas grandes missões científicas, por exemplo.
Portugal participa nos lançadores, nas grandes missões científicas como a Jupiter Icy Moons Explorer ou o Telescópio Espacial James Webb: “Obviamente, não temos uma grande missão, mas [participamos] com componentes”.
Além do desenvolvimento da tecnologia, Portugal tem “uma das comunidades mais vibrantes a nível da astronomia”: “Temos cientistas que são, inclusive, os chefes de missão científica, em algumas missões”.
A Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês) foi criada em 30 de maio de 1975, com 10 Estados-membros, e hoje soma 23, incluindo Portugal, que tem cientistas e empresas envolvidos em diversas missões.
A agência emprega diretamente mais de duas mil pessoas, incluindo cientistas, engenheiros e administrativos de todos os Estados-membros. Segundo a ESA, os portugueses eram, no final do ano passado, 43.
FPA (ER) // SB
By Impala News / Lusa
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