Raimundo diz que primeiros 70 dias de Governo acentuaram desmantelamento do SNS

O secretário-geral do PCP criticou hoje o Governo por considerar que, nos primeiros 70 dias de funções, não contrariou e até acentuou o desmantelamento do Serviço Nacional de Serviço (SNS), iniciado pelo anterior executivo do PS.

Raimundo diz que primeiros 70 dias de Governo acentuaram desmantelamento do SNS

“Estes 70 dias deste Governo não só não vieram contrariar esse caminho [de desmantelamento do SNS] como vieram acentuá-lo”, afirmou o líder comunista, no final de um almoço com apoiantes no Pavilhão Multiusos de Fronteira, no distrito de Portalegre.

Aludindo às declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, após uma visita ao hospital Santa Maria, em Lisboa, Raimundo disse que o atual chefe do Governo tem razão quando se queixou da “pesada herança do Partido Socialista”.

“A maioria absoluta do Partido Socialista abriu campo ao desmantelamento do SNS e empurrou para fora do Serviço Nacional de Saúde médicos, enfermeiros e técnicos que fazem cá muita falta”, sublinhou.

Porém, para o dirigente comunista, o problema é que, nos primeiros dias do Governo da Aliança Democrática (AD), a situação não foi invertida e até foi agravada, quando era necessário “respeitar médicos, enfermeiros, técnicos, dar-lhes condições de trabalho e valorizar as suas carreiras”.

“Façam as visitas que quiserem aos hospitais, levem a delegação que quiserem nessas visitas, vá o primeiro-ministro, o Presidente da República, a ministra da Saúde, o secretário de Estado, façam as inaugurações que quiserem, mas a solução urgente e imediata para resolver o problema é valorizar os trabalhadores”, insistiu.

Considerando que outras medidas são “apenas areia para os olhos”, Paulo Raimundo defendeu que a valorização dos trabalhadores do SNS “passa completamente ao lado das opções do Governo anterior e das opções acentuadas neste Governo”.

Num discurso de quase 30 minutos, o líder comunista também abordou a questão do fecho de urgências hospitalares, defendendo que é preciso “garantir todas as urgências pediátricas e de obstetrícia abertas e ao serviço de quem precisa delas”.

No caso das urgências de obstetrícia, o dirigente do PCP vincou que o seu funcionamento é importante para a mulher grávida “não andar, por esse país fora, para trás e para a frente, numa intermitência e em insegurança”.

Entre outros assuntos, insistiu no direito à reforma sem penalizações para quem tem 40 anos de contribuições, no aumento extraordinário de 7,5% para todas as pensões e reformas e na distribuição da riqueza gerada no país pelos trabalhadores.

No final do discurso, Raimundo advertiu que no PCP “não se faz coro com aqueles que querem que a guerra da Ucrânia dure até ao último ucraniano”, nem faz como “os hipócritas que falam de tudo o que manda o chefe, mas que se calam, como o chefe manda, perante o genocídio que está em curso perante o povo palestiniano”.

O líder do PCP falou ainda da crise na Venezuela após as eleições presidenciais de 28 de julho, cujos resultados, que atribuíram a vitória a Nicolás Maduro, são contestados pela oposição.

“Aqui não se faz coro com aqueles que fosse qual fosse o resultado eleitoral das eleições da Venezuela já tinham decidido há um mês, dois ou três meses, qual deveria ser o vencedor”, prosseguiu, concluindo que “o povo decide, mesmo contra a vontade daqueles que assim não o queriam”.

“Foi assim que foi e é assim que tem que ser reconhecido”, acrescentou.

SM // VM

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS