Torre do Tombo vai receber cerca de 3.000 documentos do socialista Tito de Morais

O acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) vai contar, a partir de hoje, com cerca de 3.000 documentos que complementam o fundo já existente do antifascista Manuel Tito de Morais (1910-1999).

Torre do Tombo vai receber cerca de 3.000 documentos do socialista Tito de Morais

O protocolo de entrega dos documentos pelos representantes da família de Manuel Tito de Morais é assinado hoje, no ANTT, em Lisboa, anunciou a instituição.

Numa nota enviada à agência Lusa, o ANTT recorda que Tito de Morais foi fundador do Partido Socialista e um “político com vasto currículo de resistência à ditadura”.

“Com este protocolo serão depositados cerca de 3.000 documentos que complementam o fundo já existente no ANTT. Deste novo depósito consta documentação relevante para a história recente de Portugal dos anos de ditadura e do pós-25 de Abril”, assinala o ANTT.

Nascido no ano da Implantação da República, Tito de Morais foi presidente da Assembleia da República entre 1983 e 1984, e defendeu a construção do atual edifício da Torre do Tombo, na Cidade Universitária, em Lisboa.

A iniciação política de Tito de Morais dá-se no 28 de maio de 1926, quando leva “a primeira chanfalhada de um soldado de Cavalaria da Guarda Nacional que invadiu o Liceu Camões, quando de uma greve estudantil”, disse o próprio, citado no ‘site’ da Associação Tito de Morais.

Membro da comissão central do Movimento de Unidade Democrática, participou nas campanhas dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado à Presidência da República, foi preso pela polícia política PIDE por duas vezes, em 1948 e em 1961, esta última em Luanda, “para onde se deslocou devido à impossibilidade de arranjar emprego em Portugal após a primeira prisão”, segundo a mesma biografia.

Passou por França, Alemanha, Brasil, Argélia e Itália, para, na sequência da Revolução dos Cravos, regressar a Portugal no denominado “Comboio da Liberdade”, com Mário Soares e Ramos da Costa, tendo chegado a Lisboa, vindo da Alemanha Federal, a 28 de abril de 1974.

Foi eleito pelo PS, em 1975, à Assembleia Constituinte e, no ano seguinte, à Assembleia da República, pelo círculo de Viana do Castelo.

Exerceu funções governativas como secretário de Estado do Emprego entre 1975 e 1976, no VI Governo provisório, liderado pelo almirante José Pinheiro de Azevedo, e como secretário de Estado da População e Emprego do I Governo constitucional, chefiado por Mário Soares, entre 1976 e 1978.

Voltou ao parlamento, como deputado pelo círculo de Lisboa, entre 1985 e 1989. Como lembra a Associação Tito de Morais, em 1986 é eleito presidente do Partido Socialista, cargo que ocupou depois de forma honorária até à sua morte, em 1999.

O Estado português condecorou-o, em 1985, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

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By Impala News / Lusa

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