Unicef diz que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio urgente
O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) estima que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio humanitário “urgente” e apelou para o aumento da resposta humanitária às necessidades crescentes no país.

“Moçambique está a enfrentar múltiplos desafios que agravaram ainda mais a crise humanitária no país. Mais de 3,4 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente”, lê-se num comunicado daquela agência das Nações Unidas, consultado hoje pela Lusa.
Segundo a Unicef, os conflitos armados na província de Cabo Delgado, norte do país, e os fenómenos climáticos extremos “deixaram o país muito vulnerável”, causando “surtos de doenças infecciosas, escolas e unidades de saúde destruídas”.
Como consequência, cerca de “18 milhões de crianças correm risco de contrair doenças infecciosas”, precisando de vacinação, e “1,1 milhões de crianças, com menos de 5 anos, sofrem de subnutrição” em Moçambique, refere.
Acrescenta que “68% da população não tem saneamento básico em casa e 30% não tem acesso a água potável”, e que “apesar de todas estas dificuldades, as crianças de Moçambique continuam a sorrir”.
O Fundo das Nações Unidas para Infância apelou ainda para o aumento do financiamento, para responder os crescentes desafios humanitários em Moçambique.
“Em 2025, precisamos aumentar a nossa resposta humanitária para fazer face às necessidades crescentes (…), precisamos de apoio para devolver o futuro a quem perdeu tudo”, acrescenta a Unicef.
O Fundo para Infância alertou recentemente para uma “emergência infantil” em Moçambique, provocada pelo corte do apoio humanitário internacional, com a previsão de uma queda de 20% do financiamento no país em 2026.
“As crianças enfrentam crises sem precedentes (…), os cortes na ajuda global estão a desencadear uma emergência infantil aqui em Moçambique”, explicou aquela agência das Nações Unidas, em comunicado.
A Unicef Portugal também lançou “um apelo urgente a donativos para apoiar as operações de emergência em Moçambique e garantir um futuro para estas crianças e as suas famílias”.
“Moçambique enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, provocada por uma combinação devastadora de violência armada, pobreza estrutural, desastres naturais extremos e emergências de saúde pública. Esta crise está a afetar gravemente as crianças: estima-se que 4,8 milhões de pessoas precisem de ajuda humanitária, incluindo 3,4 milhões de crianças”, lê-se na nota.
No final de janeiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, deu ordem para congelar a ajuda externa do seu país, canalizada principalmente através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que apoia vários programas nesta área, incluindo em Moçambique.
A decisão provocou o pânico entre as organizações humanitárias de todo o mundo que dependem dos contratos dos EUA para continuarem a funcionar.
Em Moçambique, a decisão afetou principalmente programas de saúde, com destaque para a mitigação do HIV/Sida.
LYCE // FPA
Lusa/Fim
By Impala News / Lusa
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