Brasil preocupado com agitação social em Moçambique após anúncio de novo PR

O Governo brasileiro mostrou hoje preocupação com a repercussão social em Moçambique após o anúncio da eleição do candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo, como novo Presidente moçambicano.

Brasil preocupado com agitação social em Moçambique após anúncio de novo PR

“Manifestações, distúrbios de rua e fuga de detentos [prisioneiros] se seguiram à decisão, com registo de dezenas de vítimas fatais e feridos”, disse o Governo brasileiro, que, recordando os laços de amizade entre os dois países lusófonos, “exorta, tanto o novo Governo quanto a oposição, à máxima contenção e ao diálogo sem prerrequisitos, com vistas a garantir a paz, a estabilidade e os valores democráticos, e impedir o prosseguimento da violência pós-eleitoral”.

Na mesma nota divulgada hoje pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil recomenda-se que os brasileiros residentes, em trânsito ou com viagem marcada para Moçambique “acompanhem a página e as ‘mídias’ sociais da Embaixada do Brasil em Maputo, mantenham-se informados sobre a situação de segurança nas áreas onde se encontram e evitem aglomerações”.

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira, segundo novo balanço feito hoje pela plataforma eleitoral Decide.

Ainda desde segunda-feira, aquela ONG contabilizou 224 pessoas baleadas, das quais 59 na cidade de Maputo e 37 na província de Maputo, bem como 43 em Nampula e 65 em Sofala.

Desde 21 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 569 pessoas baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos.

Somam-se ainda 4.175 detidos desde o início da contestação pós-eleitoral, 137 dos quais desde segunda-feira.

Moçambique vive hoje o quarto dia de tensão social na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais, marcados nos anteriores por saques, vandalizações e barricadas, nomeadamente em Maputo.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Pelo menos 1.534 reclusos evadiram-se na tarde de quarta-feira da Cadeia Central de Maputo, de máxima segurança, disse o comandante-geral da polícia, afirmando tratar-se de uma ação “premeditada” e da responsabilidade de manifestantes pós-eleitorais e na sequência da qual morreram 33 pessoas.

Numa intervenção a partir da rede social Facebook, Venâncio Mondlane acusou as autoridades de terem propositadamente deixado sair estes reclusos, com o objetivo de manipular as massas e desviar o foco da sociedade.

 

MIM (PVJ) // MLL

By Impala News / Lusa

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