De que forma o cancro afeta a vida sexual
O cancro, sendo uma doença crónica, necessita de adaptações, e mesmo que a capacidade sexual não seja diretamente afetada, existe uma dimensão psicológica que a afeta.
O cancro ameaça a forma como o doente se vê a si próprio, bem como a relação com o parceiro. Na verdade, as patologias graves como a oncológica, além do sofrimento físico e psicológico, conferem à pessoa o estatuto de doente, privando-a de sentir-se como um ser sexual e desejável.
Numa primeira fase, como nos explica a psicóloga Eloísa Fernandes, “a sexualidade aquando do diagnóstico de uma pessoa com cancro, transforma-se quase como um não evento”. “Nesse momento, a principal preocupação e objetivo é a luta pela sobrevivência. Quase que não existe espaço para pensar nesse tipo de relação.”
“O casal não tem a capacidade de reinventar-se”
Mas é após o processo de tratamentos, que a sexualidade poderá ser afetada por diversos fatores que a própria doença oncológica (cancro) acarreta. “Desde logo, pelos efeitos secundários irreversíveis que ela apresenta, o que faz com que o casal não consiga adaptar a sua intimidade à realidade atual”, menciona a especialista. Neste sentido, acrescenta que “muitas vezes o casal não tem a capacidade de reinventar-se”.
Mas será que homens e mulheres lidam de forma igual com a doença? Eloísa Fernandes diz que “o tipo de patologia irá influenciar logo à partida a reação que cada um dos sexos têm perante a doença que enfrentam”.
“No caso das mulheres, com o cancro da mama, ou nos homens, com o da próstata, irá provocar por si só reações distintas, pois esse é um fator que está relacionado com as diferentes formas de reagir a nível de género. Aqui, existe uma semelhança: se a mulher sente a sua feminilidade afetada, o homem também não deixará de sentir a sua masculinidade prejudicada.”
Cancro: Impacto na vida sexual
A psicóloga realça ainda, que no caso delas, “as repercussões também se sentem ao nível da imagem corporal e no modo como se apresentam à sociedade”. No entanto, e sem querer fazer grandes distinções de género, a psicóloga opta por realçar a existência de dois tipos de atitude perante o cancro.
“Existem pessoas que encaram a doença como algo de positivo e aproveitam essa situação para se fortalecerem. Por outro lado, as que acham que a partir dali, a vida nunca mais vai ser a mesma e não vão conseguir recuperar.”
Adaptar, mas como?
O cancro, sendo uma doença crónica, necessita de adaptações, e mesmo que a capacidade sexual não seja diretamente afetada, existe uma dimensão psicológica que a afeta, como o medo, a ansiedade, a insegurança e a depressão.
O doente oncológico passa por processos de alteração da imagem, dificuldades no relacionamento sexual, alterações na sua confiança, dificuldades de interação, perda da identidade sexual, diminuição da autoestima.
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