A carta de demissão da ministra da Administração Interna e a resposta de António Costa
Constança Urbano de Sousa é mãe de dois filhos, namorada de um alemão, filha de um antigo provedor de Justiça e irmã de um produtor de cinema. Demitiu-se do cargo de ministra do MAI. Leia a carta na íntegra.
Nasceu no dia das mentiras – a 1 de abril de 1967 – mas a sua demissão do cargo de ministra da Administração Interna não podia ser mais verdade. Depois de várias críticas pela forma como agiu e se comportou na tragédia dos incêndios, que este verão (e outono) atingiram Portugal, ceifando mais de cem vidas, Constança Urbano de Sousa apresentou a sua carta de demissão ao primeiro-ministro António Costa. E, à segunda vez que o fez, o líder do PS aceitou o pedido.
A carta de demissão da ministra da Administração Interna na íntegra…
«Exmo. Senhor Primeiro-Ministro,
Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade.
Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposto pela Comissão Técnica Independente. Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci.
Desde Junho de 2017, aceitei manter-me em funções apenas com o propósito de servir o país e o Governo que lidera, a que tive honra de pertencer.
Durante a tragédia deste fim-de-semana, voltei a solicitar que, logo após o seu período crítico, aceitasse a minha cessação de funções, pois apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos factores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança.
Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros Extraordinário de dia 21 de Outubro, considerado que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal.»
… e a resposta de António Costa, Primeiro-Ministro
«A Ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar.
Quero publicamente agradecer à Professora Doutora Constança Urbano de Sousa e dedicação e empenho com que serviu o país no desempenho das suas funções.»
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