Chefe de Estado reapela ao diálogo entre partes em Moçambique

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou hoje a apelar ao diálogo entre as partes em Moçambique, refutando implicitamente as críticas que lhe foram dirigidas pelo candidato presidencial e líder da oposição,Venâncio Mondlane.

Chefe de Estado reapela ao diálogo entre partes em Moçambique

Barreiro, Setúbal, 24 dez 2024 (Lusa) – O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou hoje a apelar ao diálogo entre as partes em conflito em Moçambique, refutando implicitamente as críticas que lhe foram dirigidas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

“O meu comunicado, lido com atenção, diz tudo o que eu quis dizer. Eu, como Presidente da República, tomei nota dos resultados anunciados pelo Conselho Constitucional e, depois, apelei muito, muito ao diálogo em relação a este momento da vida. Foi isto que eu disse e só isso”, assinalou Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita ao Barreiro para a tradicional ginjinha de Natal, onde vai desde que foi eleito em 2016.

Marcelo respondia a questões colocadas pelos jornalistas sobre as críticas motivadas pelo seu comunicado, bem como pelo do Governo, sobre o resultado das presidenciais em Moçambique.

Ao início da tarde, Venâncio Mondlane considerara lamentáveis os comentários do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal sobre a proclamação da Frelimo e do seu candidato presidencial como vencedores das eleições pelo Conselho Constitucional de Moçambique (CC).

“É realmente lamentável que o primeiro-ministro e o Presidente da República portuguesa tenham feito pronunciamentos a confirmar ou a felicitar a Frelimo e o seu candidato em função de resultados altamente problemáticos, falaciosos e adulterados que foram proclamados pelo CC”, disse hoje Venâncio Mondlane, na sua conta do Facebook.

 O candidato da oposição foi mais longe, afirmando: “É lamentável, um país que achávamos que podia ser a entrada de Moçambique para Europa, para que fossem nossos porta-vozes para alcançarmos uma situação de paz e passividade em relação à crise que Moçambique está a viver”.

A violência pós-eleitoral em Moçambique foi desencadeada pela não aceitação dos resultados das eleições presidenciais e legislativas de 09 de outubro por parte de Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar).

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.

O anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Até agora, segundo dados provisórios, já morreram mais de 130 pessoas.

Na capital, Maputo, vive-se hoje um novo dia de caos, com avenidas bloqueadas por manifestantes, pneus a arder e todo o tipo de barricadas, em contestação ao anúncio dos resultados, que envolvem saques e destruição de vários estabelecimentos privados e públicos, incluindo bancos.

Além de Venâncio Mondlane, também Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, até agora maior partido da oposição) e Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), ambos candidatos presidenciais, anunciaram que não reconhecem os resultados eleitorais.

 

JPS (JSD/PVJ) // PDF

By Impala News / Lusa

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