Colômbia pede ajuda à Venezuela para pôr fim à violência na fronteira

O Presidente da Colômbia Gustavo Petro pediu ajuda à vizinha Venezuela na luta contra os guerrilheiros acusados de estarem por detrás de uma semana de violência que causou a morte de pelo menos 80 pessoas e deslocou outras 40.000

Colômbia pede ajuda à Venezuela para pôr fim à violência na fronteira

“Falei com o governo venezuelano”, disse o presidente colombiano Gustavo Petro na rede social X, referindo-se a um “plano conjunto para erradicar os grupos armados na fronteira”.

A Colômbia está a tentar conter a violência na região montanhosa de Catatumbo, no nordeste do país, onde o grupo guerrilheiro, denominado Exército de Libertação Nacional (ELN), com 5.800 efetivos, tem como alvo dissidentes das FARC, um grupo armado rival.

O ELN está a tentar afirmar o seu controlo sobre parte desta região fronteiriça, que alberga rotas de tráfico de droga e plantações de coca, o principal ingrediente da cocaína, da qual a Colômbia é a maior produtora mundial.

O Catatumbo “é uma importante rota de tráfico de cocaína para a vizinha Venezuela, um país que há muito tempo é um santuário para os rebeldes colombianos”, segundo a ONG Insight Crime.

A ofensiva do ELN contra o seu rival fez pelo menos 80 mortos, dezenas de raptados e milhares de deslocados, segundo estimativas do governo colombiano e das Nações Unidas.

Esta escalada de violência mergulhou a Colômbia numa das piores crises de segurança desde há vários anos, ao mesmo tempo que destruiu as esperanças do governo de desarmar o ELN, com o qual tinha relançado as conversações de paz em 2022.

Na quarta-feira, a justiça colombiana reativou os mandados de captura de 31 dirigentes do ELN designados como porta-vozes destas negociações.

Os serviços secretos colombianos há muito que afirmam que o ELN beneficia do apoio e da proteção da Venezuela, sendo que alguns dos seus dirigentes vivem presumivelmente do outro lado da fronteira.

Já a Venezuela acusa a Colômbia de dar “abrigo” aos líderes do Tren de Aragua, um dos maiores gangues venezuelanos, com cerca de 5.000 membros, que atua em toda a América Latina.

Este grupo está envolvido no contrabando de migrantes, tráfico de droga, sequestro e extorsão, e tem sido alvo do Presidente Donald Trump, que o quer ver inscrito na lista de grupos terroristas dos EUA.

Na segunda-feira, o governo colombiano declarou o estado de emergência e enviou 5.000 soldados para a região.

Apesar da promessa de Gustavo Petro de fazer “guerra” ao ELN, o exército colombiano só fez, até agora, incursões limitadas nos territórios controlados pelos grupos armados, instalando postos de observação e patrulhando as zonas urbanas.

O exército colombiano afirma que está a concentrar-se na ajuda à população deslocada, que se dirige diariamente para os abrigos instalados em muitos municípios.

De acordo com Petro, 1.580 refugiados colombianos fugiram para a Venezuela.

Na quarta-feira, na cidade fronteiriça de Tibu, os jornalistas da AFP ouviram pelo menos cinco fortes explosões, que os militares disseram tratar-se de testes de artilharia.

No final do dia, o exército colombiano afirmou ter iniciado “operações ofensivas”, embora não tenha sido possível explicar a sua origem.

Jornalistas da AFP no terreno encontraram membros armados do ELN a ocupar um posto de controlo numa estrada.

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By Impala News / Lusa

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