Deco denuncia falta de fiabilidade e confiança na informação de IA
Uma análise da associação Deco a assistentes de inteligência artificial, como o ChatGPT, concluiu que as informações que prestam sobre direitos dos consumidores são muitas vezes incompletas e com incorreções ou inconformidades face à legislação atual.

A análise da Associação para a Defesa do Consumidor abrangeu quatro assistentes virtuais de Inteligência Artificial – ChatGPT da Open Ai, Copilot da Microsoft, Gemini da Google e Deepseek da High Flyer – para avaliar se informam corretamente os consumidores sobre direitos como a livre resolução, a garantia dos bens e serviços e a prescrição dos serviços públicos essenciais. “Fizemos isto em fevereiro com três perguntas a quatro sistemas de IA amplamente utilizados ao nível mundial, e que são as perguntas mais frequentes e as questões mais reclamadas pelos consumidores”, precisou o coordenador do departamento jurídico e económico da Deco, Paulo Fonseca.
A Deco analisou se aqueles quatro sistemas de IA facultavam informação sobre as fontes, se a resposta era completa e se era verdadeira e rigorosa, tendo concluído que, numa escala de um a cinco, as respostas equivaliam a uma avaliação de dois pois a grande maioria não identificava as fontes e nem reproduzia o conteúdo de legislação. “Isto preocupa-nos. O ChatGtb sobre o prazo de garantia dos bens móveis respondia que é de cinco anos, o que é errado pois são 10 anos”, precisou, considerando que as conclusões levantam mais questões do que soluções.
Em resultado desta avaliação, a Deco desenhou um roteiro para a implementação de uma espécie roteiro para a implementação de uma IA que seja fiável e de confiança, que exija mais às empresas em termos de transparência e qualidade e que alerte os consumidores. Os consumidores têm de ser os juízes da informação e têm de ser alertados que é preciso que continuem a ter uma multiplicidade de fontes, que as fontes sejam identificadas e que os consumidores continuem a avaliar a informação, enalteceu Paulo Fonseca.
Os consumidores têm de perceber os riscos e limites destes sistemas e perceber que nem sempre a informação é verdadeira ou fidedigna, e como podem estar capacitados para perceber se a informação é verdadeira, caso contrário pode tornar-se um fator de desinformação para o consumidor. A recomendação da associação para os utilizadores de assistentes de IA é a de não se contentarem com a resposta a uma única pergunta: “Façam uma segunda pergunta. Basta dizerem ao sistema que a informação dada não está certa para que o próprio sistema corrija indo num sentido diferente.
Mas para que isso seja possível, segundo a Deco, é importante que as fontes sejam referidas na resposta pois só assim o consumidor pode fazer essa verificação. A associação tinha solicitado uma reunião à ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, responsável pela pasta da IA, mas com a queda do Governo da Aliança Democrática, na terça-feira na sequência da rejeição de uma moção de confiança pelo Parlamento, optou por publicar o roteiro de IA no seu ‘site’.
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