BAD prevê Cabo Verde a crescer a 4,7% com avisos sobre desaceleração na Europa

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) prevê o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo de Verde em 4,7% em 2024 e 4,8% em 2025, mas alerta para consequências no arquipélago, dependente do turismo, da desaceleração económica europeia.

BAD prevê Cabo Verde a crescer a 4,7% com avisos sobre desaceleração na Europa

“Os riscos para as perspetivas de crescimento incluem um abrandamento económico na Europa, perturbações nas cadeias de abastecimento de petróleo, progressos limitados na reforma das empresas públicas e impactos das alterações climáticas”, lê-se no relatório do BAD sobre perspetivas económicas africanas para 2024, apresentado hoje em Nairobi.

Ainda sobre Cabo Verde, o documento também reconhece a necessidade, a médio e longo prazo, do reforço do “financiamento de infraestruturas, nomeadamente no transporte interilhas, é imperativo para a viabilidade comercial e a competitividade”.

Acrescenta que a perspetiva para o arquipélago baseia-se “num ambiente global estável e num turismo vibrante”, com uma inflação que deverá atingir 2,2% em 2024 e recuar para 2,0% em 2025, “devido à procura mais fraca e à descida dos preços dos alimentos e da energia”.

Em 2023, o PIB real de Cabo Verde cresceu 4,6%, segundo a estimativa do relatório do BAD, apresentado durante os encontros anuais do BAD, que decorrem na capital do Quénia até sexta-feira.

“O crescimento do PIB de Cabo Verde permanece volátil devido à sua dependência de atividades intensivas em turismo e à sua vulnerabilidade aos choques relacionados com o clima”, aponta igualmente.

O documento prevê que o défice orçamental de Cabo Verde diminua para 3,0% do PIB em 2024 e 2,1% em 2025, “devido a medidas de consolidação fiscal, ao aumento das receitas fiscais e à privatização de empresas públicas”.

Prevê ainda que o défice da balança corrente diminua para 5,2% do PIB em 2024 e 4,4% em 2025, “apoiado pelas receitas e remessas do turismo”.

“Embora Cabo Verde tenha um bom desempenho nos indicadores sociais, a pobreza e o desemprego continuam a ser desafios. A pobreza aumentou de 26% em 2019 para 31,1% em 2022, agravada pela covid-19”, lê-se no relatório.

Acrescenta que o risco da dívida externa de Cabo Verde “é moderado”, com o rácio em função do PIB a diminuir de 127,1% em 2022 para 119,9% em 2023, “devido ao maior crescimento nominal do PIB e ao desempenho fiscal”.

“As ações para reduzir os riscos fiscais das empresas estatais e colmatar as lacunas infraestruturais são fundamentais para o crescimento sustentável”, alerta por outro lado o relatório do BAD.

O documento também reconhece que a transformação estrutural da economia de Cabo Verde “tem sido lento nas últimas duas décadas, com limitada diversificação económica”, em que a participação da agricultura no PIB caiu de 9,7% em 2000 para 7,8% em 2021, enquanto aumentaram na indústria (19,7% para 21,8%) e nos serviços (57% a 65%).

“Os investimentos em competências, na inovação tecnológica e na modernização dos portos e aeroportos são vitais para expandir a economia e tirar partido da Zona de Comércio Livre Continental de África. Cabo Verde poderia aprender com as experiências de Seicheles, ao aproveitar a economia azul através ‘títulos azuis’ e ‘swaps de dívida’, e Maldivas na diversificação da economia para além do turismo, melhorando as cadeias de valor da pesca”, conclui.

 

PVJ // JPS

By Impala News / Lusa

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