Banco de Cabo Verde revê crescimento em baixa e inflação em alta

O Banco de Cabo Verde (BCV) reviu hoje em baixa as previsões de crescimento económico e atualizou em alta as perspetivas de inflação, durante a apresentação do relatório de política monetária.

Banco de Cabo Verde revê crescimento em baixa e inflação em alta

As previsões de crescimento encolheram, tendo em conta o contexto mundial de elevada incerteza, mas o BCV manteve-as, ainda assim, em 5,5% (2025) e 5% (2026).

Os valores continuam acima dos 4,7% que o banco central estima ser o crescimento que Cabo Verde tem potencial para alcançar anualmente.

Em novembro, as previsões do BCV apontavam para crescimentos de 5,6% em 2025 e 5,3% em 2026.

“Tendo em conta o ambiente complexo de elevada incerteza, as perspetivas atualizadas do BCV refletem uma revisão em baixa do crescimento. Assim, o PIB em volume deverá crescer cerca de 5,5% em 2025 e 5% em 2026, refletindo sobretudo a desaceleração das exportações de serviços de turismo e o aumento das importações”, referiu o governador Óscar Santos, na apresentação do relatório de política monetária.

O motor do crescimento “continuará a ser o consumo privado, enquanto o investimento, mesmo com ligeira recuperação, manterá um contributo modesto”, acrescentou.

Apesar do otimismo reinante no arquipélago quanto a um crescimento continuado do turismo, com abertura de novas rotas aéreas e investimento e hotéis, Óscar Santos explicou que o resfriamento do banco central relativamente à força do setor reside no risco de contágio que uma desaceleração global da economia pode provocar nos gastos de famílias estrangeiras em viagens.

Por outro lado, as previsões de inflação média para 2025 e 2026 “foram revistas em alta para 1,8% e 1,4%, respetivamente, ainda abaixo dos 2%, valor de referência para a estabilidade de preços”, mas acima dos 0,8% que, em novembro, se previam para ambos os anos.

A revisão da inflação “reflete a incorporação de dados mais recentes com um aumento dos preços acima do esperado, sobretudo de alimentos e bebidas nos mercados internacionais”, além de “alguma volatilidade esperada nos preços energéticos, influenciada por fatores geopolíticos e pressões internas associadas aos preços de alguns serviços”, lê-se no comunicado do BCV.

Segundo o banco central, decorrente de todo este cenário, “as contas externas deverão evoluir de forma menos favorável, com o saldo da balança corrente a recuar para 2,9% do PIB em 2025 e 2,6% em 2026”, refletindo a moderação esperada pelo BCV “nas receitas do turismo, transporte aéreos e remessas”, em linha com a esperada “desaceleração económica dos principais parceiros” — a par de aumento previsto das importações.

Ainda assim, de acordo com o BCV, o desempenho da balança corrente “deverá manter-se positivo”, permitindo ganhos ao manter uma reserva de moeda estrangeira em Cabo Verde suficiente para dar cobertura a 6,3 e seis meses de importações em 2025 e 2026, respetivamente, a par da estabilidade cambial com o euro.

Todo o contexto levou o banco a “dar continuidade à normalização da política monetária, iniciada em maio de 2023, mantendo inalteradas as principais taxas de juro – aumentando apenas em 30 pontos base uma taxa que estava abaixo dos níveis europeus (taxa de facilidade permanente de absorção de liquidez ou FPA).

Segundo anunciado hoje pelo BCV, a taxa de juro diretora (TRM) mantém-se em 2,5%, a taxa de facilidade permanente de cedência de Liquidez (FPC) fica em 2,75%, a taxa de redesconto mantém-se em 3,5%, o coeficiente das Reservas Mínimas de Caixa (DMC) continua em 10% e a taxa de facilidade permanente de absorção de liquidez (FPA) sobe de 1,95% para 2,25%.

LFO // JMC

By Impala News / Lusa

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