Descida da Euribor vai tornar certificados da série F ainda menos interessantes — Deco Proteste

A ausência de um ‘spread’ na taxa de remuneração dos certificados de aforro da série F leva o analista financeiro da Deco Proteste António Ribeiro a antecipar uma queda na subscrição deste produto de aforro.

Descida da Euribor vai tornar certificados da série F ainda menos interessantes -- Deco Proteste

“Os certificados de aforro da série F nunca foram um produto interessante, porque quando foram lançados havia depósitos a prazo com taxas mais elevadas e se a Euribor continuar a descer, ainda menos interessantes se vão tornar”, disse, em declarações à Lusa, o especialista da Deco Proteste.

A acentuar esta falta de interesse está, referiu, a forma como a taxa de remuneração dos CA da série F (a única atualmente em comercialização) foi desenhada. Tal como séries que a precederam também a taxa base desta está relacionada com a evolução da Euribor a três meses, mas as semelhanças acabam aqui.

Enquanto na série anterior, a E, a taxa base podia ir até um máximo de 3,5% (em função da evolução da Euribor a três meses acrescida de um ‘spread’ de 1%), na F, o limite máximo é de 2,5%, sendo esta taxa ‘formada’ apenas pelo indexante.

“Neste momento a Euribor a três meses está em cerca de 2,6%, ou seja, muito próxima da taxa máxima da série atual”, assinalou António Ribeiro, precisando que este é um dos motivos que leva a que neste momento a Deco Proteste já nem recomende este produto de poupança.

É que, referiu, com a descida da Euribor, é possível que nos próximos meses a taxa máxima (2,5%) já não consiga ser alcançada. Apesar de a taxa de remuneração dos CA de todas as séries ser afetada pela evolução da Euribor, na F, assinalou o analista financeiro, o impacto é maior porque não existe um ‘spread’ de proteção.

“Basicamente [na série F] a taxa base reproduz a Euribor”, notou, referindo que os prémios de permanência foram reduzidos para “metade” face à série anterior, além de que existem atualmente ofertas de depósitos com uma taxa mais elevada.

Ainda assim, as entradas de dinheiro nos CA inverteram a quebra que se estava a verificar há já vários meses, com novembro a registar 522 milhões de euros de subscrições contra 258 milhões de euros de amortizações.

No final de novembro, os aforradores tinham investidos (nas várias séries de CA) um total de 34.391 milhões de euros, acima dos 34.059 milhões de euros registados no final de 2023.

Para janeiro, o IGCP — Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública fixou a taxa de juro da série F nos 2,5%.

Mesmo que os CA se tornem mais desinteressantes devido à queda da Euribor, António Ribeiro não acredita que os aforradores se virem para os certificados do tesouro (CT), um produto que o analista financeiro considera estar “completamente moribundo” e a necessitar de reestruturação.

Sobre as novas regras dos CA mais antigos (séries A e B), que, ao contrário das mais recentes, não têm prazo de amortização, António Ribeiro salientou a necessidade de serem desmaterializados sob pena de serem automaticamente amortizados.

LT // EA

By Impala News / Lusa

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