Estado moçambicano recebeu 1.588 ME da Hidroelétrica da Cahora Bassa desde 2007

A Hidroelétrica da Cahora Bassa (HCB), a maior produtora de eletricidade do país e uma das principais barragens em África, anunciou hoje que pagou 1.588 milhões de euros ao Estado moçambicano desde 2007.

Estado moçambicano recebeu 1.588 ME da Hidroelétrica da Cahora Bassa desde 2007

Ao discursar na abertura da conferência dos 50 anos da HCB, o presidente do conselho de administração (PCA), Tomás Matola, avançou que a HCB pagou ao Estado moçambicano entre 2007 – após a reversão de Portugal para Moçambique – e 2024 cerca de 115 mil milhões de meticais (1.588 milhões de euros) em taxas de concessão e impostos.

“Só nos últimos dois anos, 2023 e 2024, a empresa entregou ao Estado cerca de 37 mil milhões de meticais [510 milhões de euros]”, avançou o responsável.

No mesmo evento, ao debater o papel dos empreendimentos hidroelétricos no desenvolvimento da economia regional, o administrador financeiro da HCB, Ermínio Chiau, avançou que Moçambique encaixou com exportações da electricidade 431 milhões de dólares (379 milhões de euros) em 2024, ao comercializar para a sul-africana Eskom Hld SOC Ltd e para a zambiana Zesco.

“Em 2020, as vendas permitiram reembolso de 354 milhões de dólares [312 milhões de euros], o que em termos de peso de exportação no setor constituía 78% (…). Essas divisas ditam o reforço da balança de pagamento, a estabilidade cambial, bem assim como o aumento da capacidade de crédito para a economia”, avançou Ermínio Chiau.

A HCB voltou a admitir desafios na produção e comercialização da electricidade face aos baixos níveis de precipitação, culminando com reduzidos níveis de armazenamento das águas, mas adiantou que se está a fazer os “melhores esforços” para garantir a produção.

“A nossa visão, nosso plano estratégico, é de atingir até 2034 uma produção de 4.000 MW, para tornar a HCB uma das maiores produtoras de energia em África”, disse o PCA da HCB, Tomás Matola.

A produção de eletricidade em Moçambique deverá cair 1,3% em 2025 devido a trabalhos de manutenção na hidroelétrica, a maior produtora do país e uma das principais barragens em África, prevê o Governo.

Segundo dados oficiais do executivo consultados hoje pela Lusa, com estimativas para 2025, está previsto “um decréscimo na produção de eletricidade de cerca de 1,3%, influenciado pela necessidade de manutenção de geradores e a redução do ciclo hidrológico” na HCB, “que representa cerca de 78,7% na estrutura de produção e exportação”.

Desta forma, Moçambique deverá produzir este ano 19.197,8 GigaWatt-hora (GWh) de energia elétrica, sendo 15.504,4 GWh garantidos pela HCB, na província de Tete, centro do país, neste caso uma redução de 4,1% face a 2024 e o valor mais baixo em quatro anos.

Globalmente, a produção de energia elétrica a partir de fontes hídricas, incluindo a barragem em Cahora Bassa, deverá recuar 4,1% este ano, enquanto a produção de energia elétrica pelas centrais térmicas deverá aumentar 17,6%, quase metade na central CTRG, a gás natural, que deverá garantir 1.196,3 GWh em 2025, mais 7,4% face a 2024.

A HCB é detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, com uma extensão máxima de 270 quilómetros em comprimento e 30 quilómetros entre margens, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros, contando com quase 800 trabalhadores, sendo uma das maiores produtores de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos.

A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português, seguindo-se o enchimento da albufeira. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MW, produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW.

PME(PVJ)// JMC

By Impala News / Lusa

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