Promotor chinês Kaisa anuncia acordo de reestruturação com credores ‘offshore’

A promotora imobiliária chinesa Kaisa anunciou que chegou a acordo com um grupo importante de credores para levar a cabo uma reestruturação da sua dívida ‘offshore’.

Promotor chinês Kaisa anuncia acordo de reestruturação com credores 'offshore'

Pequim, 20 ago 2024 (Lusa) – A promotora imobiliária chinesa Kaisa anunciou hoje que chegou a acordo com um grupo importante de credores para levar a cabo uma reestruturação da sua dívida ‘offshore’, através da emissão de novas obrigações e obrigações convertíveis.

Numa declaração enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa disse que vai emitir cinco mil milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros) em novas obrigações, com vencimento entre 2027 e 2032, e juros entre 5% e 6,25%.

No caso das obrigações convertíveis, o valor será de 4,8 mil milhões de dólares (4,3 mil milhões de euros).

“Esta reestruturação tem como objetivo proporcionar à empresa uma ‘pista’ de longo prazo para estabilizar a sua atividade”, referiu o documento.

As ações da Kaisa em Hong Kong subiram 6,54% por volta das 10:30 locais (03:30, em Lisboa), embora tenham caído quase 33%, desde o início do ano, e mais de 98%, em relação ao seu pico, que remonta a 2017.

O acordo abrange pouco mais de um terço dos seus credores internacionais. A Kaisa recordou que a reestruturação necessita de apoio maioritário, pelo que apelou aos credores que ainda não aderiram ao acordo para que o façam o mais rapidamente possível.

Um desses credores, a Broad Peak Investment, de Singapura, apresentou um pedido de liquidação em Hong Kong há pouco mais de um ano, depois de a Kaisa não ter pago 750 milhões de dólares (677 milhões de euros) em obrigações emitidas além-fronteiras, mas a empresa retirou-se em 08 de março e foi substituída como litigante pelo Citicorp, na qualidade de administrador de vários credores.

A Kaisa obteve vários adiamentos nas audiências judiciais sobre a sua eventual liquidação. Em 24 de junho, o juiz responsável pelo processo indicou que poderia ser a última se não se verificassem progressos nas negociações com os credores, embora tenha posteriormente concedido um novo adiamento e a próxima data esteja marcada para 09 de setembro.

No final de 2021, a Kaisa entrou em incumprimento de 12 mil milhões de dólares (10,80 mil milhões de euros) de dívida ‘offshore’, tornando-se o maior emissor deste tipo de dívida no setor, depois da Evergrande. Esta empresa foi também um dos primeiros promotores chineses a entrar em incumprimento de obrigações ‘offshore’, em 2015.

O presidente da empresa, Kwok Ying-shing, não tinha regressado à China continental desde então – nem mesmo depois de ter reestruturado a sua dívida em 2016, embora só voltasse a entrar em incumprimento em 2021 – até ao mês passado, quando a imprensa estatal noticiou que o responsável visitou a sede em Shenzhen (sudeste) para se reunir com funcionários locais.

A Kaisa, com um passivo total de cerca de 32,7 mil milhões de dólares (29,5 mil milhões de euros), não é o único promotor chinês que enfrenta uma possível ordem de liquidação por parte dos tribunais de Hong Kong, com processos também abertos contra a Country Garden – a empresa número um do setor entre 2017 e 2022 -, a Shimao e a Dafa.

Em janeiro, na sequência de um processo semelhante, foi ordenada a liquidação do gigante endividado Evergrande, uma decisão que abriu um longo e incerto processo devido a dúvidas quanto ao seu reconhecimento na China continental, onde o grupo detém a maior parte dos seus ativos, uma vez que o sistema judicial de Hong Kong está separado do da China em virtude do seu estatuto de semiautonomia.

A situação financeira de muitas empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois de Pequim ter anunciado, em agosto de 2020, restrições no acesso ao financiamento bancário para os promotores com elevado nível de dívida, incluindo a Evergrande, com um passivo de quase 330 mil milhões de dólares (298 mil milhões de euros).

As vendas comerciais de imobiliário na China medidas por área útil caíram 24,3%, em 2022, e mais 8,5%, em 2023.

 

JPI // CAD

By Impala News / Lusa

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