Hospital Central de Maputo confirma um morto e sete feridos a tiro
O Hospital Central de Maputo (HCM) confirmou hoje um morto e outros sete feridos a tiro durante confrontos entre a polícia e apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, na quinta-feira.
“Pelas caraterísticas das lesões, possivelmente [a morte] foi causada uma ferida por arma de fogo, uma bala na região cervical. Teve muito sangramento e chegou num estado de choque grave”, disse o diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, o maior hospital do país e um das unidades da capital moçambicana, Dino Lopes, em declarações à comunicação social.
O responsável disse que no total 10 pessoas ficaram feridas durante tumultos registados na quinta-feira na capital do país, oito por armas de fogo, um dos quais acabou por morrer, e dois por armas brancas, logo após o regresso de Venâncio Mondlane ao país, das quais seis encontram-se internadas naquela unidade sanitária.
Dois polícias foram mortos durante confrontos com manifestantes no distrito de Moma, na província de Nampula, disse na quinta-feira a polícia moçambicana, anunciando também que três pessoas ficaram feridas e outras três foram detidas durante tumultos no país.
A Plataforma Decide tinha avançado no mesmo dia que pelo menos três pessoas morreram – que foram socorridas em diferentes unidades de saúde – e outras seis foram baleadas entre os apoiantes que acompanhavam Venâncio Mondlane no seu regresso à capital moçambicana, passando a contabilizar 294 óbitos desde o início dos protestos, em 21 de outubro.
Venâncio Mondlane chegou esta quinta-feira à capital moçambicana depois de dois meses e meio a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior e sob fortes medidas de segurança na zona do aeroporto internacional de Maputo.
Na sequência, a polícia dispersou, no centro de Maputo, com recurso a tiros e gás lacrimogéneo, uma multidão de apoiantes que ouviam o candidato presidencial, com pessoas a serem atingidas.
Na intervenção que fez, na zona do Mercado Estrela, Mondlane voltou a dizer, como o fez em declarações aos jornalistas à chegada ao aeroporto, que vai até às últimas consequências pela reposição da verdade eleitoral, reafirmando-se vencedor das eleições gerais de 09 de outubro.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
Confrontos entre a polícia e os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.
PYME (PVJ/EAC) // VM
By Impala News / Lusa
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