Jornais e analistas dão vitória a JD Vance em debate equilibrado
Alguns dos principais jornais norte-americanos atribuíram ao candidato republicano à vice-presidência dos EUA, JD Vance, a vitória no debate com o democrata Tim Walz, confronto marcado pelo equilíbrio e com menos ataques pessoais do que o frente-a-frente presidencial.
“JD Vance não apenas foi polido, mas também fez uma crítica mais incisiva a Kamala Harris (candidata presidencial democrata) do que Donald Trump (candidato presidencial republicano) conseguiu fazer no seu próprio debate com ela no mês passado. Tim Walz, por outro lado, demorou um pouco para aquecer — e nem mesmo quando o fez foi tão bom”, afirma a equipa do jornal Politico, que atribui a vitória ao senador do Ohio.
De acordo com o artigo de opinião, Vance conseguiu, “pelo menos por uma noite, superar as suas declarações polémicas sobre mulheres e famílias e as suas falsas alegações sobre imigrantes a comer animais de estimação no Ohio”, embora reconhecendo que Walz também alcançou destaque, principalmente quando encurralou JD Vance por não reconhecer que Trump perdeu a eleição de 2020.
Para o conselho editorial do Wall Street Journal (WSJ), diário tradicionalmente mais próximo de posições do Partido Republicano, ambos os candidatos à vice-presidência fizeram “um debate melhor e mais informado” do que os seus companheiros de corrida presidencial.
“Vance ajudou a candidatura republicana e a si mesmo. (…) O senador de Ohio foi respeitoso, bem preparado, articulado e implacável a lembrar os eleitores sobre as falhas da ‘Administração de Kamala Harris’. Este é um caso que Donald Trump não conseguiu defender no seu debate, ou em qualquer lugar desde que o Presidente Joe Biden deixou a corrida”, observou o conselho num artigo de opinião.
Para o WSJ, o governador do Minesota, Tim Walz, foi “simpático e paternal”, embora às vezes “parecesse frenético e abarrotado de factos e linhas de ataque preparadas”, com o jornal a concluir que em questão de “presença e comando, Vance venceu o debate”.
Para William McGurn, membro do conselho editorial do WSJ, a “noite pertenceu a Vance”, que se apresentou “gracioso e no comando”.
O influente New York Times (NYT) – que esta semana apoiou publicamente a candidatura presidencial de Kamala Harris – pediu a 13 dos seus colunistas e colaboradores para assistirem ao debate vice-presidencial e apurar vencedor e vencido. A maioria defendeu que Vance conseguiu sobrepor-se a Walz através da mentira.
“É um veredito bem direto: Vance venceu este debate. Não é difícil entender o porquê. Ele passou a maior parte da sua vida adulta vendendo-se para os ricos, poderosos e influentes. Ele é tão tranquilo e experiente quanto possível. Ele não tem consideração pela verdade. Ele mente tão facilmente quanto respira. Vimos isso durante todo o debate”, escreveu o colunista do NYT Jamelle Bouie.
Para a colunista Gail Collins, o resultado foi um “empate”, “só porque Walz foi muito mau em boa parte da sua apresentação” e “Vance foi um orador muito mais contundente enquanto vomitava mentiras sobre tudo, do aborto à política externa de Joe Biden”.
“Para Vance, foi uma performance imponente. Para Walz, foi uma divagação nervosa. Para o público, foi o debate mais civilizado e substancial da era Trump”, avaliou o colunista do NYT Ross Douthat.
Na terça-feira, naquele que foi o primeiro (e possivelmente único) debate vice-presidencial de 2024, JD Vance e o candidato democrata a vice-presidente dos Estado Unidos, Tim Walz, enfrentaram questões das moderadoras da rede televisiva CBS News sobre imigração, política externa, aborto, economia, entre outros.
O debate, que teve lugar nos estúdios da CBS em Nova Iorque, arrancou com um aperto de mãos dos dois políticos, que além de terem 20 anos de diferença, têm igualmente posições totalmente opostas sobre a maioria dos temas, mas conseguiram debater durante 90 minutos de forma cordial e equilibrada.
Apesar da cordialidade, o confronto ficou marcado por falsas afirmações por parte de ambos os candidatos, com JD Vance a proferir mais mentiras do que Tim Walz, segundo vários levantamentos feitos pela imprensa norte-americana durante e no final do evento.
As regras da CBS News ditaram que não haveria uma verificação de factos em direto.
Num artigo de opinião publicano no jornal Los Angeles Times, Scott Jennings, estratega político e ex-diretor de campanha do antigo Presidente George W. Bush, afirma que o candidato republicano venceu o debate “sem dúvida”.
“Questão após questão, Vance apresentou argumentos suaves e bem construídos, enquanto Walz frequentemente respondia hesitantemente, como um vídeo ‘online’ a tentar a carregar numa conexão Wi-Fi lenta”, comparou o também comentador político da rede CNN Internacional.
O jornal Boston Globe pediu a oito redatores de opinião para assistirem ao debate vice-presidencial e avaliarem quem ganhou, tendo em conta a capacidade de transmitir a mensagem do seu partido e abordar as principais questões enfrentadas pelos eleitores a pouco mais de um mês do dia da eleição.
“No final, o vencedor foi Vance”, conclui o artigo.
Apesar de vários jornais e analistas darem uma vitória a Vance, uma sondagem rápida feita após o debate vice-presidencial, os eleitores declararam que não houve um vencedor decisivo e ficaram divididos sobre quem teve melhor desempenho, segundo relatou o jornal Politico na manhã de hoje.
“Os resultados empatados são um reflexo adequado da política hiperpolarizada do país — principalmente agora, que se aproxima a reta final da eleição presidencial mais acirrada em anos”, observou o jornal.
Este foi o último debate previsto no ciclo eleitoral de 2024. As eleições estão marcadas para 05 de novembro e vários estados já iniciaram o processo de voto antecipado e por correspondência.
O agregado das sondagens da plataforma FiveThirtyEight dá a vice-presidente Kamala Harris como líder, com 2,7 pontos percentuais de vantagem sobre Trump a nível nacional.
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By Impala News / Lusa
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