Moçambique/Eleições: Presidente eleito critica vandalismo nos protestos e perda de empregos

O Presidente eleito de Moçambique criticou hoje as manifestações pós-eleitorais que culminaram em vandalismo e perda de empregos, indicando que os recentes encontros entre partidos com representação parlamentar visam produzir “consensos” a serem transformados em leis.

Moçambique/Eleições: Presidente eleito critica vandalismo nos protestos e perda de empregos

“Estas manifestações provocaram danos incalculáveis, são milhares dos nossos irmãos que perderam empregos e também no setor privado há pessoas que gastaram toda a vida a construir um determinado bem que num único dia perdeu-se”, criticou Daniel Chapo, candidato proclamado vencedor pelo Conselho Constitucional (CC), que já fixou a sua investidura para 15 de janeiro.

A proclamação dos resultados pelo CC que ditaram a vitória de Daniel Chapo para o cargo de Presidente da República, e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder partido que o apoia, levou o caos às ruas, com manifestantes em confrontos com a polícia, pilhagens e vandalismo.

Em declarações aos jornalistas após visitar um infantário na capital moçambicana, Daniel Chapo lamentou as destruições e apontou que a reconstrução das infraestruturas, públicas e privadas, vai merecer a sua atenção, após tomar posse.

“Afinal de contas, estávamos a destruir bens que são nossos, portanto as pessoas acordaram de manhã, depois de terem queimado bombas, descobriram que têm uma viatura, têm dinheiro, mas não têm combustível, que precisavam de comer, tinham dinheiro, mas não conseguiam porque a mercearia ou a banca já não existia no bairro”, referiu Chapo, apelando à unidade nacional.

Chapo afirmou que os encontros que têm existido entre partidos com representação parlamentar visam criar “consensos”, que depois serão debatidos e transformados em leis na Assembleia da República.

“Quando falo de consensos falo de reformas, porque o país vai fazer 50 anos de independência, 30 anos de democracia multipartidária e durante este período mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e mudam-se as sociedades, daí que há necessidade de atualizar muitos aspetos que passam pelas reformas e estas achamos que são fundamentais para adequar as leis à atualidade”, disse Chapo, apontando, a título ilustrativo, a lei eleitoral e a descentralização do aparelho do Estado como temas em análise.

Quatro partidos da oposição moçambicana manifestaram-se abertos, após um novo encontro com o ainda Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, a prosseguir um diálogo para um pacto social que conduza a reformas no país, face à tensão pós-eleitoral.

“Ao longo deste diálogo interno, [os partidos] assumiram que vão continuar a dialogar com o único objetivo, de uma forma coletiva, de assumirem um compromisso político para as reformas no país, pois há necessidade de estabelecer um novo pacto social para mudar Moçambique e isso passa necessariamente pelas reformas”, declarou o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, durante a apresentação de um comunicado conjunto após a reunião de 30 de dezembro de 2024, que envolveu ainda os partidos Podemos e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Nas presidenciais, o CC proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor, com 65,17% dos votos. Foi também declarada a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar nas eleições gerais de 09 de outubro.

A eleição de Chapo tem sido contestada nas ruas por manifestantes pró-Venâncio Mondlane, que, segundo o CC, obteve apenas 24% dos votos, mas reclama vitória.

Nos protestos, em que exigem a “reposição da verdade eleitoral”, os confrontos com a polícia resultaram em quase 300 mortos e perto de 600 pessoas baleadas.

 

PYME // JMC

By Impala News / Lusa

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