Oposição aberta a diálogo interno face à tensão pós-eleitoral em Moçambique
Quatro partidos da oposição moçambicana manifestaram-se hoje abertos, após um novo encontro com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, a prosseguir um diálogo para um pacto social que conduza a reformas no país, face à tensão pós-eleitoral.
“Ao longo deste diálogo interno, [os partidos] assumiram que vão continuar a dialogar com o único objetivo, de uma forma coletiva, de assumirem um compromisso político para as reformas no país, pois há necessidade de estabelecer um novo pacto social para mudar Moçambique e isso passa necessariamente pelas reformas”, declarou o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, durante a apresentação de um comunicado conjunto.
Dirigentes dos quatro partidos – Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o Partido para o Desenvolvimento Optimista de Moçambique (Podemos), a Nova Democracia (ND) e o MDM estiveram reunidos com o Presidente moçambicano.
Em causa estão as manifestações e paralisações que levaram o caos às ruas em Moçambique, protestos convocadas pelo candidato presidencial independente apoiado pelo Podemos, Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), dando vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, nas legislativas, e ao candidato que este partido apoia, Daniel Chapo, nas presidenciais.
Após o encontro com o Presidente moçambicano para discutir a tensão pós-eleitoral, a Renamo, o Podemos, a ND e o MDM reafirmaram não reconhecer os resultados eleitorais proclamados pelo CC, prometendo na próxima semana novos desenvolvimentos do que chamaram de “diálogo interno” entre os quatro partidos.
Estes partidos, com exceção da Nova Democracia, vão compor juntamente com a Frelimo o futuro Parlamento de Moçambique, eleito nas eleições gerais de 09 de outubro.
“Vamos continuar a dialogar”, declarou Lutero Simango, indicando que o modelo do diálogo entre as quatro formações políticas será anunciado dentro de sete dias.
“Faremos tudo para o bem-estar dos moçambicanos”, concluiu o presidente do MDM.
O Conselho Constitucional (CC) proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Este anúncio provocou novo caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Pelo menos 175 pessoas morreram na última semana de manifestações pós-eleitorais em Moçambique, elevando para 277 o total de óbitos desde 21 de outubro, e 586 baleados, segundo novo balanço feito pela plataforma eleitoral Decide.
PYME // ANP
By Impala News / Lusa
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