PM são-tomense aponta “muitas falhas” na requalificação da marginal de São Tomé

O primeiro-ministro são-tomense afirmou-se hoje preocupado com a obra de requalificação da marginal, na capital, após detetar “muitas falhas” que obrigarão a ajustamentos e financiamentos adicionais ainda não garantidos, enquanto a empresa executora admite suspender os trabalhos.

PM são-tomense aponta

“O que constamos aqui é que essa obra, para corresponder às necessidades mínimas, vai ter que sofrer toda uma série de ajustes”, declarou Patrice Trovoada, após visitar a obra, cuja primeira pedra lançou em março, mas as empreitadas só começaram em setembro.

O primeiro-ministro admitiu que “uma série de questões não foram detetadas” aquando da consulta pública para aprovação final do projeto em 2021, nomeadamente questões sobre a largura das vias, incluindo a circulação para o hospital e o aeroporto, previstas para seis metros, bem como a eletricidade, fornecimento de água e outras situações.

“Com o aumento da população, com o aumento de circulação de veículos é um bocadinho complicado termos uma via com seis metros de largura […] vamos tentar ao máximo alargar as vias, preservando as ciclovias, preservando o passeio”, disse o primeiro-ministro.

Trata-se de um projeto que foi concebido em 2017, com um custo estimado de 25 milhões de euros, garantidos através do cofinanciamento por parte do Governo holandês (50%) e 50% em crédito do Banco Europeu de Investimento (BEI) para apenas dois lotes do projeto.

Em março, quando fez o lançamento da primeira-pedra para o iníco das obras, o primeiro-ministro assegurou que tinha contacto avançado com um parceiro para a mobilização de 12,6 milhões de euros para o lote que começa na Baía da Praia Lagarto, perto do aeroporto.

“Nós aprovámos uma coisa, na base da nossa aprovação estão os financiamentos, estudos, a fiscalização e agora que estamos, depois de tantos anos, a executar a obra, aquilo que foi aprovado em 2021 tem muitas falhas”, vincou hoje o chefe do executivo.

“Vamos corrigir, mas entendam que há um financiamento e só podemos corrigir dentro desse envelope. Por isso é um pouco de ginástica, um pouco de imaginação, algumas opções que vamos ter que tomar, mas o que nós queremos é que dentro do prazo essa obra seja concluída e que ela corresponda ao máximo à expetativa […] eu creio que vai ficar uma coisa como deve ser, mas não tem sido fácil”, acrescentou Patrice Trovoada.

Questionado sobre se estava satisfeito com o andamento dos trabalhos, o primeiro-ministro vincou que “não podia estar”.

“Estou preocupado, mas eu posso também dizer-vos que depois dessa visita eu penso que toda a gente está consciente dos desafios e vamos trabalhar”, sublinhou.

A obra está a ser executa pela empresa ACA Angola, que segundo o porta-voz também está “muito preocupada” e defendeu “soluções urgentes para as falhas” porque estão a comprometer e vão “continuar a comprometer” a execução do projeto e o prazo final.

“Se demorarem a ter decisões, mais tempo a obra durará com todos os prejuízos para toda a gente [… ] se não houver decisões é impossível para a empresa manter o pessoal que tem cá nesse momento a trabalhar sem ter trabalho, portanto se continuarmos com essas indefinições, pode originar uma suspensão provisória dos trabalhos”, disse David Santos, representante da ACA e diretor do projeto da obra da Marginal 12 de Julho.

O projeto envolve uma extensão de aproximadamente nove quilómetros, que começa perto do aeroporto de São Tomé até ao cruzamento de São Marçal, incluindo trabalhos de proteção costeira, reabilitação de estradas e da paisagem.

Desde setembro, já foram derrubadas várias árvores centenárias ao longo da marginal, que segundo os técnicos serão substituídas, e o pavimento foi removido em muitos pontos cujos acessos foram restritos.

 

JYAF // VM

By Impala News / Lusa

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