Ataque israelita visou reunião da força de elite do Hezbollah e matou 16 membros no Líbano
O Hezbollah anunciou hoje que dois dos seus comandantes morreram no ataque israelita de sexta-feira, perto de Beirute, que matou 16 membros da força de elite e desferiu um novo golpe no movimento islamita libanês.
Após as explosões dos equipamentos de transmissão, a ONU, “profundamente preocupada”, apelou na sexta-feira ao “desanuviamento” e à “máxima contenção”, à medida que a linha da frente da guerra na Faixa de Gaza se desloca para o Líbano.
Uma fonte próxima do movimento anunciou hoje que o ataque israelita tinha como alvo uma reunião numa cave da força de elite do Hezbollah, a unidade Radwan, da qual 16 membros foram mortos.
Entre eles, Ibrahim Aqil, o chefe desta unidade, e outro comandante sénior da unidade de elite, segundo o Hezbollah.
O comandante era Ahmed Mahmoud Wahbi, que até ao início deste ano tinha liderado as operações militares da unidade de Radwan em apoio ao Hamas palestiniano, que trava uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza desde 07 de outubro de 2023, disse hoje o movimento xiita apoiado pelo Irão.
O exército israelita anunciou na sexta-feira que tinha efetuado um ataque “seletivo” e “eliminado” Ibrahim Aqil e “cerca de dez comandantes” do Hezbollah, “responsáveis pelos ataques diários com foguetes” contra Israel.
Ibrahim Aqil é o segundo comandante militar de alto nível do Hezbollah a ser eliminado por Israel desde que o movimento abriu a frente do sul do Líbano contra o exército israelita, há quase um ano.
Os Estados Unidos tinham oferecido uma recompensa de sete milhões de dólares por qualquer informação sobre Ibrahim Aqil, que era procurado por Washington pelo seu envolvimento nos sangrentos ataques anti-norte-americanos em Beirute em 1983.
Na sexta-feira, um fotógrafo da AFP que se encontrava no local do ataque viu um edifício a ruir e equipas de salvamento a evacuar as vítimas no meio de um cenário de caos.
“O ataque a uma zona residencial povoada prova mais uma vez que o inimigo israelita não tem em conta as considerações humanitárias”, denunciou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati.
O Irão condenou uma “violação flagrante (…) da integridade territorial” do Líbano, enquanto o exército israelita garantiu que não procura “uma grande escalada” na região.
“Os nossos inimigos não têm onde se esconder, nem mesmo nos subúrbios (do sul) de Beirute”, declarou o Ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant.
Após as explosões de terça e quarta-feira, atribuídas a Israel, de engenhos de transmissão utilizados por membros do Hezbollah, que mataram 37 pessoas e feriram 2.931 em todo o Líbano, as trocas de tiros intensificaram-se desde quinta-feira entre o exército israelita e o movimento islamita.
Quinta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que Israel iria receber um “castigo terrível” após as duas vagas de explosões.
Israel não comentou os ataques, que ocorreram nos subúrbios do sul de Beirute e no sul e leste do Líbano, três bastiões do Hezbollah.
O chefe da diplomacia libanesa, Abdallah Bou Habib, anunciou a apresentação de uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU na sequência da “agressão ciberterrorista israelita, que constitui um crime de guerra”.
O direito internacional “proíbe” a utilização de dispositivos “armadilhados” que aparentem ser objetos “inofensivos”, disse o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, ao Conselho de Segurança na sexta-feira.
“O facto de atingir simultaneamente milhares de pessoas, sejam elas civis ou membros de grupos armados, sem saber quem está na posse dos dispositivos em causa (…) viola o direito internacional humanitário”, afirmou.
A primeira vaga de explosões de ‘pagers’ ocorreu na terça-feira, pouco depois de Israel ter anunciado que estendia os seus objetivos de guerra à frente norte, ou seja, à fronteira com o Líbano, para permitir que dezenas de milhares de habitantes deslocados pela violência regressassem às suas casas.
Até agora, os principais objetivos eram a destruição do Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), e o regresso dos reféns detidos no território palestiniano.
“Não conseguirão trazer os habitantes do norte para casa. A frente do Líbano com Israel permanecerá aberta até ao fim da agressão em Gaza”, respondeu Nasrallah.
A guerra no território palestiniano eclodiu a 07 de outubro de 2023, quando os comandos do Hamas levaram a cabo um ataque sem precedentes em solo israelita, que provocou a morte de 1.205 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas, que incluem reféns mortos ou mortos em cativeiro na Faixa de Gaza.
Das 251 pessoas raptadas durante o ataque, 97 continuam detidas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo exército.
Mais de 41.272 palestinianos foram mortos e 95.500 feridos na ofensiva israelita lançada em retaliação contra a Faixa de Gaza, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, considerados fiáveis pela ONU.
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By Impala News / Lusa
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