Ausência de maiorias em França deixa em aberto formação do novo governo

A vitória da aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) mantém em aberto a formação do novo governo em França, uma vez que nenhum dos blocos concorrentes nas eleições legislativas antecipadas alcançou maioria absoluta.

Ausência de maiorias em França deixa em aberto formação do novo governo

A coligação de esquerda terá assegurado entre 177 e 198 lugares na Assembleia Nacional, o parlamento francês, segundo as últimas projeções e resultados parciais, enquanto a aliança centrista do Presidente francês, Emmanuel Macron, segue em segundo lugar, com 152 a 169 lugares, tendo a extrema-direita da União Nacional caído da liderança que obteve na primeira volta para um terceiro lugar no domingo, com a conquista de entre 135 e 143 lugares.

Com estes resultados nenhum dos partidos concorrentes às eleições obterá os 289 lugares necessários para uma maioria absoluta na assembleia de 577 lugares.

Depois de encerradas as urnas e conhecidas as projeções, Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa que integra a aliança de esquerda, exigiu a Macron que nomeie um primeiro-ministro da NFP.

“O nosso povo rejeitou claramente a pior solução possível”, afirmou Mélenchon, acrescentando que o primeiro-ministro, Gabriel Attal, deve sair e a NFP deve governar, o que foi recebido com muitos aplausos e gritos de apoio por parte dos apoiantes.

Desde a residência oficial, o ainda chefe do executivo anunciou que na segunda-feira de manhã vai apresentar a demissão ao Presidente da República, afirmando, porém, que poderá permanecer no cargo “enquanto o dever o exigir”, nomeadamente no contexto dos Jogos Olímpicos que o país se prepara para acolher.

O líder da União Nacional (RN na sigla em francês), Jordan Bardella, salientou que o partido registou o seu “maior avanço na história”, duplicando o número de deputados, e criticou “os arranjos eleitorais” que “atiraram a França para os braços da extrema-esquerda”.

“A aliança da desonra e os arranjos eleitorais perigosos negociados por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com as formações de extrema-esquerda impedem os franceses de terem uma política de recuperação nacional”, criticou Bardella, enquanto Marine Le Pen, figura de proa do partido da extrema-direita, garantiu que a vitória ficou “apenas adiada”.

O Partido Socialista francês, integrado na NFP, avisou que não aceitará qualquer “coligação de opostos que traia o voto dos franceses e prolongue as políticas macronistas”.

“França merecia mais do que a alternativa entre neoliberalismo e fascismo”, declarou o líder do PS francês, Olivier Faure.

Stéphane Séjourné, secretário-geral do partido do Presidente francês, o Renascimento, afirmou ser óbvio que a NFP “não pode governar a França”, uma vez que nenhuma coligação tem maioria na Assembleia Nacional.

Logo ao início da noite, a equipa de Macron tinha feito saber que o Presidente vai esperar que a nova Assembleia Nacional esteja “estruturada” para “tomar as decisões necessárias” e apelou para “prudência” na análise das projeções.

Na primeira volta, em 30 de junho, o partido de extrema-direita conseguiu vencer pela primeira vez as eleições legislativas, ao obter 33,1% dos votos e quase duplicar o seu apoio desde que a França elegeu a sua Assembleia Nacional pela última vez, em 2022.

Seguiu-se a NFP (que junta socialistas, ecologistas e comunistas e é liderada pela França Insubmissa (LFI), partido de esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon), com 28%. O Ensemble (Juntos) de Macron obteve 20%.

As legislativas francesas foram convocadas por Macron, após a derrota do seu partido e a acentuada subida da União Nacional nas eleições para o Parlamento Europeu de 09 de junho. A escolha de um novo executivo deveria ocorrer apenas em 2027.

PL (APN/TA/MYCO) // JMR

By Impala News / Lusa

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