Bangladesh avisa sobre limite no acolhimento de refugiados de Myanmar
O líder interino do governo do Bangladesh, Muhammad Yunus, advertiu hoje que o país já acolheu o máximo de refugiados da etnia rohyngia que consegue suportar, depois de receber 1,2 milhões de pessoas.
“Apesar de ter acolhido os Rohingya com grande empatia, o Bangladesh, densamente povoado, teve de suportar muitos custos socioeconómicos e ambientais, o que nos coloca perante uma série de riscos de segurança tradicionais e não tradicionais”, afirmou o Prémio Nobel à margem da Assembleia Geral da ONU, segundo o seu gabinete.
Num momento em que o Bangladesh acolhe mais de 1,2 milhão de refugiados da minoria perseguida no país vizinho de Myanmar (antiga Birmânia), o responsável transmitiu a representantes oficiais da Gâmbia, do Reino Unido, da Turquia, dos Estados Unidos e da União Europeia que “o repatriamento dos Rohingya continua a ser a única solução sustentável para a crise prolongada”.
“Estão em causa muitos dos nossos próprios ganhos em termos de desenvolvimento. É evidente que o Bangladesh atingiu os seus limites”, afirmou.
O Bangladesh acolhe mais de um milhão de Rohingya da antiga Birmânia e nos quais se incluem cerca de 774.000 pessoas que fugiram durante a onda de violência do exército birmanês em 2017, numa operação que as Nações Unidas caracterizaram como limpeza étnica e possível genocídio.
A maioria dos deslocados instalou-se em campos na região costeira de Cox’s Bazar, no sudeste do Bangladesh, naquele que é o maior campo de refugiados do mundo e que regista superlotação, além de condições humanitárias débeis e recursos limitados.
O governo do Bangladesh admitiu no passado a presença de pelo menos onze grupos armados nos campos de refugiados Rohingya que responsabiliza pelo aumento da insegurança e da violência.
“Estamos preocupados com a deterioração da situação de segurança e a instabilidade na região fronteiriça, com confrontos entre grupos armados e atividades criminosas”, acrescentou ainda Yunus.
Desde que chegou ao poder como chefe do governo provisório do país, o economista e fundador do Banco Grameen reconheceu em várias ocasiões que o Bangladesh está sobrecarregado com o afluxo de refugiados Rohingya e assinalou a necessidade da sua reinstalação noutros países.
Conhecido como “o banqueiro dos pobres”, Yunus assumiu o governo provisoriamente em agosto após a demissão e fuga forçada para a Índia da antiga primeira-ministra Sheikh Hasina, no âmbito de protestos antigovernamentais brutalmente reprimidos.
Da parte dos Estados Unidos foi divulgada a informação de que o subsecretário de Estado para a Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos, Uzra Zeya, anunciou, também no evento à margem da AG da ONU, quase 199 milhões de dólares para apoiar os refugiados Rohingya e comunidades que os acolhem no Bangladesh e na região.
PL// APN
By Impala News / Lusa
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