BE quer encostar Governo Regional da Madeira à parede para evitar mais abusos
O cabeça de lista do BE às eleições antecipadas de 23 de março na Madeira, Roberto Almada, alertou hoje para as suspeitas de corrupção que recaem sobre o executivo PSD e sublinhou ser necessário encostar o governo à parede.

“É preciso mudar este estado de coisas e este estado de coisas não se muda apenas substituindo o PSD por outros que são iguais a eles e que prometem exatamente a mesma coisa”, avisou, acrescentando: “Este problema resolve-se garantindo que no parlamento existirão vozes diferentes, como as do Bloco de Esquerda, que encostarão literalmente o próximo governo à parede e que não deixarão que o abuso continue a ser praticado contra a Madeira e contra os madeirenses.”
Roberto Almada falava num almoço-comício, no concelho de Câmara de Lobos, no primeiro dia da campanha oficial, que contou a presença da líder nacional do partido, Mariana Mortágua.
O cabeça de lista sublinhou que as eleições antecipadas acontecem porque metade dos elementos do Governo Regional minoritário social-democrata foram constituídos arguidos em processos por suspeitas de corrupção, incluindo o chefe do executivo, Miguel Albuquerque.
“Esta é uma realidade indesmentível, uma realidade que fez cair este governo, uma realidade a que Miguel Albuquerque não consegue fugir”, disse, notando que o chefe do executivo “tenta agarrar-se ao lugar de presidente do governo o mais que pode” para evitar um eventual julgamento.
Roberto Almada considerou que a situação “envergonha” os madeirenses, pelo que não havia outra solução a não ser eleições antecipadas, e lembrou que o Bloco de Esquerda sempre lutou contra a corrupção no arquipélago.
“Nós temos tido sempre uma postura de combate à corrupção, sempre denunciámos as ligações perigosas entre a política e os negócios, sempre denunciámos que existiam grupos empresariais que cresceram à sombra do regime e que enriqueceram à sombra do regime de favorecimento instalado pelo PSD”, disse.
O bloquista alertou também para a necessidade de haver um regime de incompatibilidades e impedimentos para os titulares de cargos públicos e políticos na Madeira, lembrando que o PSD, partido que governa a região desde 1976, nunca quis avançar nesse sentido.
“Bater-nos-emos para que o parlamento tenha mais força para exigir do próximo governo, seja ele qual for, transparência, respeito pelos madeirenses, melhoria das condições de vida”, prometeu, avisando que o BE vai lutar para que o executivo não privilegie os amigos na atribuição e concessão de regalias.
Entre as medidas defendidas para evitar que “os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”, contam-se algumas no setor da habitação, atualmente marcado pelo elevado preço das casas e das rendas, como a criação de tetos máximos no aluguer, a limitação de licenças para alojamento local e a obrigatoriedade de os promotores de novos blocos de habitação reservarem 25% dos fogos para rendas acessíveis.
O BE perdeu o deputado único que tinha na Assembleia Legislativa da Madeira nas eleições antecipadas de 2024.
As legislativas de 23 de março, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional — e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
DC // ROC
By Impala News / Lusa
Siga a Impala no Instagram