Camponeses começaram a regressar aos campos em Cabo Delgado

Camponeses de Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado, que haviam abandonados os campos de produção devido aos confrontos entre autoridades e terroristas, começaram a regressar aos seus campos de produção, disseram hoje à Lusa fontes da comunidade.

Camponeses começaram a regressar aos campos em Cabo Delgado

Trata-se de camponeses de Namigure e Nambine, que se encontram a praticar atividades agrícolas entre a sede de Macomia e o posto administrativo de Mucojo, os quais tinham abandonado desde junho, devido aos intensos confrontos.

“Já estamos a regressar, pese embora o ambiente não menos bom, mas o tempo está a passar e as machambas [campos agrícolas] continuam intactas”, disse uma fonte a partir de Macomia, que faz parte dos retornados a Namigure.

Os camponeses haviam abandonado os campos agrícolas devido aos confrontos militares envolvendo as forças armadas no terreno e os rebeldes, nas matas de Mucojo e Quiterajo, a 40 e 70 quilómetros da sede de Macomia, respetivamente. Relatam agora que os últimos desenvolvimentos no terreno dão alguma esperança de segurança.

“Na minha área tem gente a trabalhar, e eu vou lá. O tempo está a passar, daqui a dois ou três meses começa a chover e quem não se prepara não terá nada”, disse à Lusa outro camponês, de Nambine.

De acordo com as fontes, a forças armadas têm reforçado o patrulhamento nas zonas de produção, para manter a segurança que permita os campestres trabalhar.

“Às vezes recebemos a força local, tem feito um excelente trabalho de patrulhamento nas nossas machambas, e isso nos encoraja a trabalhar”, disse ainda.

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique e suas congéneres do Ruanda, anunciaram, em 25 de setembro, que abateram dez terroristas, num ataque que também resultou na morte de militares, nas matas do posto administrativo de Mucojo.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta sexta-feira que, nas últimas semanas, “vários terroristas foram postos fora de combate e destruídos importantes acampamentos” dos insurgentes, na província de Cabo Delgado, norte do país.

Nyusi falava durante o discurso das comemorações do Dia da Paz, uma data alusiva à Assinatura do Acordo de Paz, que acabou com 16 anos de guerra civil em Moçambique, tendo assegurado ainda que foi “capturado material bélico e de propaganda” que estava na posse dos insurgentes.

“É certo que continuamos a enfrentar o desafio do terrorismo em Cabo Delgado, cujo combate tem vindo a registar sucessos, com desarticulação das ações dos terroristas e redução dos ataques e retorno das pulações” às suas zonas de origem, disse.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

Desde o início de agosto, diferentes fontes no terreno, incluindo a força local, têm relatado confrontos intensos entre a missão militar conjunta e os insurgentes nas matas do posto administrativo de Mucojo (Macomia), envolvendo helicópteros, blindados e homens fortemente armados, com relatos de tiroteios em locais considerados como esconderijos destes grupos.

RYCE // MSF

By Impala News / Lusa

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