Candidato à presidência moçambicana Daniel Chapo pede prioridade à paz em Cabo Delgado

*** Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***Beira, Moçambique, 24 ago 2024 ( Lusa) – O candidato presidencial Daniel Chapo, apoiado pelo partido no poder, apontou hoje a paz como primeiro pilar do seu projeto político, considerando que a estabilidade na província de Cabo Delgado, assolada por incursões rebeldes, é uma prioridade.“Não há desenvolvimento sem paz. […]

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Beira, Moçambique, 24 ago 2024 ( Lusa) – O candidato presidencial Daniel Chapo, apoiado pelo partido no poder, apontou hoje a paz como primeiro pilar do seu projeto político, considerando que a estabilidade na província de Cabo Delgado, assolada por incursões rebeldes, é uma prioridade.

“Não há desenvolvimento sem paz. Temos os nossos irmãos que estão a sofrer com ataques terroristas em Cabo Delgado. Cabo Delgado também é Moçambique e merece a nossa atenção “, declarou Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), num comício que marca hoje o arranque da campanha eleitoral na cidade da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique.

Para Chapo, o flagelo que a população de Cabo Delgado sofre só pode ser ultrapassado com a união de todos os moçambicanos e, caso seja eleito, a prioridade vai ser travar a guerra que desde 2017 afeta a população, sobretudo dos distritos localizados no Norte da província.

“Quando eu tinha cinco anos, naquela altura da guerra [civil dos 16 anos], fui capturado e vivi por dois anos em cativeiro. Só saímos do cativeiro em 1985, fugimos, andando à pé desde Inhaminga [vila do distrito de Chiringoma, na província de Sofala] até ao distrito de Dondo. Dormimos no mato, na chuva e no sol. Sei o que é este sofrimento”, contou Daniel Chapo.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Além do estabelecimento da paz, Chapo aponta como prioridade do seu projeto político a melhoria da educação e do sistema de saúde, este último que enfrenta, nos últimos anos, momentos de pressão provocados por greves de funcionários que alertam para falta de material e uma situação caótica.

As greves foram convocadas, primeiro, pela Associação de Médicos Moçambicanos, que ameaça paralisar atividades novamente em setembro, contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, e, depois, pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que interrompeu recentemente a sua greve, mas ameaça também voltar.

“Vamos ouvir as preocupações dos nossos colegas da saúde e gradualmente vamos resolvendo a sua situação”, prometeu Daniel Chapo, destacando, também, a necessidade de um combate sério contra a corrupção, por ele descrita como um mal que “infeta e afeta” Moçambique.

A industrialização da economia moçambicana e a reabilitação da Estrada Nacional Número 1, a principal do país, também estão entre as promessas do candidato apoiado pelo partido no poder em Moçambique, num comício que contou com a presença do chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, que também é Presidente da Frelimo.

“Meus irmãos, vamo-nos unir e vamos trabalhar”, concluiu Daniel Chapo, aplaudido por centenas de simpatizantes que se juntaram no campo do Ferroviário da Beira, na periferia da principal cidade do centro de Moçambique.

Daniel Chapo, 47 anos, nasceu em Inhaminga(Sofala) e é formado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, tendo também um mestrado em Gestão de Desenvolvimento pela Universidade Católica de Moçambique.

Foi ainda docente de Direito Constitucional e Ciências Políticas e já ocupou diversos cargos de direção no aparelho de Estado, com destaque para as funções de administrador do distrito de Palma (Cabo Delegado) e governador da província de Inhambane, no sul do país.

Chapo é o primeiro candidato apoiado pela Frelimo nascido já depois da independência do país (1975).

Moçambique realiza em 09 de outubro as eleições gerais, num escrutínio que inclui eleições presidenciais, legislativas, das assembleias provinciais e de governadores de província.

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, com um total de 37 forças políticas concorrem nas legislativas e provinciais, de acordo com dados oficiais.

Além de Chapo, nestas eleições concorrem à Ponta Vermelha (residência oficial do chefe de Estado em Moçambique) Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, Venâncio Mondlane, apoiado pelos extraparlamentares Podemos e Revolução Democrática.

EAC // ZO

By Impala News / Lusa

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