Cerca de 5 mil turistas retidos em Cusco devido aos protestos no Peru
Cerca de 5.000 turistas estão presos na cidade de Cusco, devido aos protestos que exigem a libertação do Presidente deposto Pedro Castillo e eleições antecipadas no Peru, adiantou hoje o autarca do destino turístico Machu Picchu.
“Temos 5.000 turistas retidos na cidade de Cusco. Estão nos seus hotéis à espera que os voos sejam reativados”, revelou à disse à agência France-Presse (AFP) Darwin Baca, autarca do distrito vizinho de Machu Picchu, que também está em Cusco. O aeroporto da cidade continuava hoje encerrado, as estradas bloqueadas e o transporte ferroviário paralisado.
O Aeroporto Internacional Alejandro Velasco Astete de Cusco, o terceiro mais movimentado do país, está encerrado desde segunda-feira, quando os manifestantes tentaram invadir a infraestrutura, continuando também a decorrer os protestos naquela cidade, realçou o autarca. Enquanto isso, em Machu Picchu, cerca de 200 turistas, a maioria norte-americanos e europeus, deixaram a região a pé, seguindo a linha ferroviária chegar à cidade de Ollantaytambo, a 30 quilómetros, onde aguardam por um autocarro.
O comboio entre a cidadela de pedra e Cusco, a antiga capital do Império Inca, localizada a 110 quilómetros, é a única forma moderna de chegar ao ‘ex-líbris’ do turismo peruano. Em Aguas Calientes, uma vila termal localizada no vale íngreme ao pé do sítio histórico, e por onde se pode aceder a Machu Picchu, dezenas de turistas também esperam por transporte.
“O que eles temem é chegar a Cusco e não poderem voltar para o seu país, porque temem que a situação piore”, sublinhou ainda Darwin Baça. O Governo português está a diligenciar a retirada o mais rápido possível de 65 turistas portugueses que estão no Peru, disse hoje à agência Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.
De acordo com o portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em 2020, estavam registados na embaixada de Portugal em Lima 242 cidadãos portugueses. Pelo menos 18 pessoas morreram durante as manifestações e confrontos com as forças de segurança que abalam o país desde 07 de dezembro.
Uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) visitará o Peru de 19 a 21 de dezembro, adiantou hoje este órgão autónomo da Organização dos Estados Americanos (OEA). A agência especificou que a secretaria executiva da CIDH está “disponível” para visitar o Peru de 19 a 21 de dezembro, enquanto outra visita de um relator está prevista para janeiro.
Castillo pediu esta quarta-feira, desde a prisão, que a CIDH interceda pelos seus direitos, enquanto o novo governo de Dina Boluarte ainda não informou sobre nenhum pedido de visita desta organização. Também hoje o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou a apelar ao respeito pelo Estado de direito no Peru e a garantia da liberdade de reunião e manifestação pacífica.
O porta-voz da organização, Stéphane Dujarric, lembrou Guterres, “está a acompanhar a situação com preocupação” e que lamenta a perda de vidas humanas. Boluarte assumiu a presidência do Peru em 07 de dezembro, substituindo Pedro Castillo, que foi demitido pelo Congresso depois de determinar a dissolução deste órgão e anunciar a formação de um governo de emergência e que iria governar por decreto, convocar uma assembleia Constitucional e reorganizar o sistema de justiça.
A nova Presidente propôs ao Congresso antecipar as eleições gerais para dezembro de 2023 para conter os protestos desencadeados após a demissão de Castillo, que denunciou ser vítima de um golpe. Na quarta-feira, a chefe de Estado declarou estado de emergência que estará em vigor durante 30 dias, o que implica a suspensão dos direitos de reunião ou liberdade de circulação. No entanto, esta medida não acalmou os ânimos dos manifestantes e, pelo contrário, parece ter agravado os protestos.
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