
Cessar-fogo declarado devido a sismo que matou 3.700 pessoas termina em Myanmar
O cessar-fogo foi inicialmente anunciado a 02 de abril e deveria durar até ao dia 22. Na semana passada, o exército birmanês prolongou a trégua por mais uma semana, mas até ao momento não houve qualquer comentário sobre uma eventual extensão.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, voltou a pedir na terça-feira às partes em conflito em Myanmar que prolongassem o cessar-fogo para ajudar os afetados pelo sismo de magnitude 7,7, que deixou quase 200 mil desalojados.
Anwar reuniu-se com o líder da junta, Min Aung Hlaing, em Banguecoque, em meados de abril, numa aproximação invulgar ao regime militar, que estava afastado de grandes reuniões desde o golpe de 2021.
Várias guerrilhas de etnias minoritárias e a oposição pró-democracia acusam a junta de ter levado a cabo centenas de ataques, apesar do cessar-fogo.
O Governo de Unidade Nacional, formado em parte por legisladores depostos pelos militares após o golpe, diz que os ataques do exército mataram 72 civis só na primeira semana da trégua, incluindo ataques na região de Mandalay, a mais atingida pelo sismo.
A União Nacional Karen disse no domingo que os militares realizaram pelo menos 110 ataques em áreas sob o controlo deste grupo, da minoria étnica Karen, no leste do país, desde o início da trégua.
No oeste do estado de Rakhine, um dos focos do conflito, os soldados realizaram mais de 400 ataques, de acordo com o Gabinete de Cooperação Humanitária da Liga Nacional Arakan, que se opõe à junta.
Na terça-feira, as autoridades do vizinho Bangladesh defenderam a abertura de um corredor humanitário para entregar, a partir do seu território, ajuda alimentar de emergência aos civis afetados pela guerra civil em Myanmar.
O Bangladesh alberga mais de um milhão de membros da minoria muçulmana rohingya de Myanmar, na região sul de Cox’s Bazar, que estão amontoados em campos improvisados.
Desde o golpe que trouxe a junta birmanesa de volta ao poder, em 2021, as regiões onde se encontram os rohingya têm sido palco de um conflito mortal entre vários movimentos rebeldes e o exército.
Durante uma visita em março, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou a ideia de “criar as condições necessárias para o regresso” dos refugiados rohingya ao seu país.
“O Bangladesh apoia a ideia de ajuda humanitária da ONU ao estado de Rakhine e está pronto para prestar apoio logístico”, disse o ministro responsável pelos refugiados rohingya, Khalilur Rahman.
“Acreditamos que a ajuda humanitária da ONU ajudaria a estabilizar a situação em Rakhine e criaria as condições necessárias para o regresso dos refugiados”, acrescentou.
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By Impala News / Lusa
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