Chefe da diplomacia francesa apela ao diálogo com Pequim face às crises mundiais

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, apelou hoje a uma “poderosa parceria franco-chinesa”, face às crises mundiais, mas advertiu que a Europa defenderá os seus interesses e valores.

Chefe da diplomacia francesa apela ao diálogo com Pequim face às crises mundiais

“Mais do que nunca, o contexto atual exige uma parceria franco-chinesa poderosa ao serviço da estabilidade geopolítica, da prosperidade e do futuro do nosso planeta”, defendeu Barrot, em visita a Pequim, antes de se encontrar com o seu homólogo chinês, Wang Yi.

Os dois ministros apertaram as mãos na sumptuosa residência estatal de Diaoyutai, diante das bandeiras dos dois países, antes de manterem conversações à porta fechada.

Paris disse que as conversações se centrariam na resolução dos conflitos Rússia — Ucrânia e no Médio Oriente, e nas tensões comerciais entre a China e a União Europeia.

“O ritmo das crises está a acelerar”, afirmou o ministro francês, ao lado de Wang Yi. “Os nossos dois países devem, por conseguinte, promover em conjunto um diálogo de estabilidade que conduza à procura de soluções”, afirmou.

França e China têm procurado reforçar os seus laços nos últimos anos. Mas Paris também abordou os laços de Pequim com Moscovo, que se estreitaram desde a guerra na Ucrânia, apesar de a China nunca ter condenado a invasão russa.

“Perante os desafios políticos, económicos e de segurança, uma nova Europa está a emergir rapidamente. A sua única bússola é a autonomia estratégica”, declarou Jacques Barrot. “A Europa será particularmente vigilante na defesa dos seus interesses e dos seus valores”, acrescentou.

O ministro sublinhou ainda que Paris e Pequim “devem coordenar-se para promover uma paz justa e duradoura na Ucrânia”.

“A China também tem um papel a desempenhar para convencer a Rússia a sentar-se à mesa das negociações com propostas sérias e de boa-fé”, disse o ministro francês ao homólogo chinês.

O chefe da diplomacia chinesa advertiu que “a situação internacional mudou novamente e tornar-se-á ainda mais caótica”.

França e China devem “aderir ao multilateralismo” e “trabalhar em conjunto para a paz e o desenvolvimento do mundo”, insistiu Wang Yi, que considera a China um dos principais alvos da ofensiva comercial do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“A França opõe-se a qualquer forma de guerra comercial e defende o diálogo sobre as questões comerciais, nomeadamente entre a União Europeia e a China”, respondeu Jean-Noël Barrot, em Pequim.

Barrot falou ainda das sanções aplicadas pela China ao conhaque francês, em resposta às taxas adicionais impostas pela União Europeia aos automóveis elétricos chineses.

Afirmou estar à procura de uma “solução rápida” para este diferendo comercial, que permita aos dois países concentrarem-se “na construção de parcerias e investimentos para o futuro”.

Jean-Noël Barrot deverá manter conversações ao fim da tarde com um alto funcionário chinês não identificado.

O ministro francês deslocar-se-á depois a Xangai, onde deve inaugurar na sexta-feira uma fábrica de produção de hidrogénio construída pelo grupo francês Air Liquide e participar num fórum empresarial franco-chinês.

A visita de Jacques Barrot à China faz parte de um vasto périplo pela Ásia, durante o qual visitou a Indonésia e Singapura.

A ameaça de uma agressão russa na Europa “não é teórica”, afirmou Barrot na terça-feira, a partir de Singapura, depois de o enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, ter afirmado na Fox News, no domingo, que não acreditava nessa eventualidade.

A “agressividade” da Rússia “ao longo dos últimos três anos estendeu-se muito para além da própria Ucrânia”, disse Barrot aos jornalistas.

 

JPI // SB

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS