Covid-19: Turquia reimpõe restrições após forte aumento das infeções
A Turquia vai reintroduzir medidas de confinamento no fim de semana na maioria das províncias e impor restrições no decurso do mês sagrado do Ramadão na sequência do súbito aumento das infeções por covid-19.
A Turquia vai reintroduzir medidas de confinamento no fim de semana na maioria das províncias e impor restrições no decurso do mês sagrado do Ramadão na sequência do súbito aumento das infeções por covid-19.
Os casos do novo coronavírus na Turquia voltaram a aumentar menos de um mês após as autoridades terem dividido as 81 províncias em quatro categorias de códigos coloridos e relaxarem as restrições em diversas províncias, num esforço de “normalização controlada”.
O número confirmado de infeções diárias triplicou desde então para cerca de 30.000, atingindo os números recordes que ocorreram em dezembro. O país com cerca de 84 milhões de habitantes também regista oficialmente 150 mortes por dia, contra cerca de 65 no início deste mês.
Numa mensagem televisiva na segunda-feira após uma reunião do Governo, o Presidente Recep Tayyip Erdogan anunciou que 58 das 81 províncias da Turquia, incluindo Istambul e Ancara, foram agora designadas áreas no “vermelho” ou em “risco muito elevado”, e serão submetidas a confinamentos aos sábados e domingos.
Anunciou ainda que vai manter-se o recolher obrigatório noturno, em vigor na totalidade do país.
Em 02 de março apenas 17 província estavam na categoria “vermelho”, quando as escolas reiniciaram parcialmente o ensino presencial, os cafés e restaurantes foram autorizados a reabrir com metade da capacidade, e o recolher obrigatório foi aliviado em diversas cidades.
“O aumento no número de casos e de doentes e ainda o aumento do número de mortos forçaram-nos a rever as medidas existentes”, disse Erdogan numa mensagem ao país.
“O número de províncias que estão na categoria vermelha, que constitui a categoria de risco muito elevado, atingiu as 58, representando 80% da população”, acrescentou.
Erdogan disse que “no mês do Ramadão vai ser necessário fazermos alguns sacrifícios”, e acrescentou que os restaurantes e cafés apenas poderão funcionar em regime de ‘take-away’ durante o mês sagrado, que na Turquia se inicia em 13 de abril.
Erdogan também anunciou que serão proibidas as concentrações de pessoas para as refeições antes do nascer do sol e após o pôr do sol.
No entanto, a Associação Médica da Turquia considerou que o aumento das infeções foi provocado por deficiências no rastreio, na relutância do Governo em impor medidas no momento certo e que excluíssem as preocupações económicas, e ainda num prematuro relaxamento das restrições.
“Nós, na qualidade de profissionais da saúde e da sociedade, estamos a pagar por estas políticas erradas”, disse o grupo no Twitter.
Erdogan foi muito criticado por ter promovido os congressos do seu partido pelo país no interior de complexos desportivos superlotados, apesar do novo surto de casos de covid-19.
Foi acusado de dualidade de critérios pelo facto de ter ignorado as regras de prevenção, incluindo o distanciamento social, impostas pelo Governo e num desses eventos, Erdogan congratulou-se pelo elevado número de participantes.
As vozes críticas consideram que os comícios políticos contribuíram para o aumento dos casos.
O ministro da Saúde, Fahrettin Koca, disse hoje a jornalistas que não vislumbrava qualquer vantagem em “manter esse assunto na agenda”.
As variantes do novo coronavírus inicial são agora responsáveis por cerca de 75% dos casos na Turquia, informou.
O ministro também indicou que Turquia recebeu 2,8 milhões de doses da vacina da Pfizer-BioNtech e prepara-se para receber 1,7 milhões de novas doses nos próximos dez dias.
A Turquia iniciou o seu programa de vacinação em janeiro com a vacina produzida pela empresa chinesa Sinovac.
Até ao momento, foram administradas mais de 15 milhões de doses e cerca de 6,7 milhões receberam as duas doses.
Na segunda-feira, o país anunciou cerca de 32.400 infeções.
O número total de casos desse o início do surto pandémico em 2020 ascende a mais de 3,3 milhões, com um total pelo menos 31.000 mortos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.792.586 mortos no mundo, resultantes de mais de 127 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.845 pessoas dos 821.104 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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