Detidos quatro ativistas climáticos que ocupavam Faculdade de Letras de Lisboa

Quatro ativistas que desde segunda-feira ocupavam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foram detidos pela PSP, que os retirou, por uma porta lateral, do estabelecimento de ensino e os colocou em duas carrinhas

Detidos quatro ativistas climáticos que ocupavam Faculdade de Letras de Lisboa

Detidos quatro ativistas climáticos que ocupavam Faculdade de Letras de Lisboa

Quatro ativistas que desde segunda-feira ocupavam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa foram detidos pela PSP, que os retirou, por uma porta lateral, do estabelecimento de ensino e os colocou em duas carrinhas

A informação foi confirmada à Lusa por Alice Gato, porta-voz do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, enquanto um grupo de ativistas empunhava uma tarja com a inscrição “Letras pelo Clima” e gritava palavras de ordem como “Fora [António] Costa Silva” ou “Justiça Climática”.

“A indicação que nos deram é que as quatro pessoas que foram levadas iam ser detidas. Neste momento estão a ir para a esquadra”, disse Alice Gato pelas 00:30.

A porta-voz do movimento adiantou ainda que “a semana foi surpreendente” e que “os estudantes demonstraram a sua força e a sua determinação” num combate por um futuro melhor.

“Não estamos sozinhos nesta luta e vamos continuar a crescer”, salientou.

Todavia, Alice Gato manifestou-se “desiludida com os órgãos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa por terem utilizado brutalidade policial” com os quatro ativistas detidos.

Os ativistas “estavam a protestar desde segunda-feira de uma forma pacífica com reivindicações super justas (…) e depois a direção da Faculdade de Letras decide arrancá-los de lá. Eles estavam colados ao chão e retiraram-lhes as mãos sem qualquer precaução”, acusou.

Atualmente, encontram-se ocupados apenas quatro estabelecimentos de ensino.

De acordo com Alice Gato, as instituições ainda ocupadas são a Faculdade de Ciências, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, a Escola Artística António Arroio e o Liceu Camões, em Lisboa.

Os ativistas climáticos que desde segunda-feira ocupam a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa começaram a sair da instalação académica às 23:40 de sexta-feira, constatou a Lusa no local.

No total saíram nove membros do movimento estudantil “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, tendo ficado quatro para identificação e eventual detenção policial.

Segundo uma jovem do grupo, as quatro pessoas serão “retiradas à força” para serem interrogadas em tribunal na segunda-feira, mas, ressalvando, sem muitas certezas.

No início da noite de sexta-feira, Alice Gato, porta-voz do movimento, organizado nomeadamente pela Greve Climática Estudantil, e integrado no movimento internacional “End Fossil: Occupy!”, disse que na escola António Arroio, onde nos últimos dois dias não houve aulas devido à “ocupação”, estão e vão permanecer cerca de 50 alunos.

Outros tantos, disse, estão no Liceu Camões, onde vão ficar também durante todo o fim de semana.

Na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, os estudantes estiveram dentro das instalações, num espaço cedido pela própria faculdade e onde organizaram mesmo uma “cantina vegan”, mas foram desalojados e estão agora no exterior, no jardim, onde tencionam passar o fim de semana também.

A responsável disse que os alunos já foram ameaçados de expulsão, mesmo do jardim.

Sempre dizendo que as ocupações são para continuar, Alice Gato acrescentou que na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas os alunos, que hoje fizeram ações de sensibilização dirigidas aos restantes alunos, também vão permanecer todo o fim de semana.

O protesto terminou no Instituto Superior Técnico, porque os alunos foram forçados a sair, com alguns deles a integrarem ações noutros estabelecimentos de ensino.

Na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, os alunos continuam o protesto, mas, segundo Alice Gato, temem ser “despejados” ainda esta noite, até pela presença da polícia no local desde a tarde de hoje, o que até agora não acontecia.

A agência Lusa constatou no local a presença policial. Os alunos em protesto reuniram-se esta noite com a direção da faculdade, mas, segundo Alice Gato, da reunião não resultou qualquer entendimento.

Os estudantes reivindicam principalmente o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, por, dizem, não ter preconceitos em relação a projetos de exploração de gás e por ser, até recentemente, presidente do Conselho de Administração de uma petrolífera.

As ocupações, que começaram na segunda-feira e que não têm data para terminar, coincidem com a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre desde domingo em Sharm el-Sheikh, no Egito, até ao próximo dia 18.

JML (FP/MYCA) // VQ

By Impala News / Lusa

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