Dezenas junto do tribunal exigem respostas sobre assassínio de Marielle Franco
Dezenas de mães que viram os filhos morrer em atos de violência no Rio de Janeiro manifestam-se hoje junto ao tribunal para exigir respostas sobre o assassínio da ex-vereadora Marielle Franco, conhecida pela defesa dos habitantes das favelas.
Poucas horas antes do início do julgamento no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, estas mulheres, na esmagadora maioria negras, empunhavam girassóis, cartazes e t-shirts com os nomes de Marielle Franco e dos motoristas Anderson Gomes, vítimas de um assassínio em 2018.
“Chegou o dia que tanto esperávamos. Depois de seis anos e sete meses de luta, acontece, hoje (30), o julgamento dos acusados de serem os executores de Marielle e Anderson. Marielle fez por nós, faremos por Marielle e Anderson”, escreveu nas redes sociais, o Instituto Marielle Franco, que organizou hoje o protesto juntamente com outros movimentos sociais de vários bairros desfavorecidos cariocas.
Presente à porta do tribunal encontrava-se a sua irmã e atual ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco que defendeu a importância deste dia que segundo ela marca o início de uma era em que “não é normal banalizar o assassínio de uma mulher com cinco balas na cabeça”.
Mais cedo, através das redes sociais, a ministra brasileira frisou que “a realização do tribunal do júri, de um crime covarde contra uma vereadora democraticamente eleita, é um momento que marca a luta contra a impunidade e a violência política de género e raça no Brasil”.
Marielle Franco era filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), tinha 38 anos, nascida numa favela e toda a sua atividade política era dedicada à defesa dos direitos humanos e à luta contra os grupos que controlam as favelas populares do Rio de Janeiro.
Na terça-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ)indicou que vai pedir a condenação máxima, de 84 anos de prisão, para os executores da ex-vereadora e ativista Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A pena que vai ser pedida ao Tribunal de Júri para os réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, que já confessaram terem sido os executores da vereadora e do motorista em acordos de colaboração com a justiça, será decidida num julgamento que começa nesta quarta-feira. O Tribunal do Juri integrará 21 pessoas comuns e deste grupo sete serão sorteadas na hora para compor, de facto, o júri que analisará o caso.
Os dois réus foram denunciados por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado, e pela recetação de um veículo que terá sido utilizado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018.
Lessa e Queiroz foram presos na operação Lume, realizada pelo MPRJ e pela Polícia Civil, em março de 2019. Os denunciados serão ouvidos por videoconferência já que Lessa está preso no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo e Queiroz está no Complexo da Papuda, um presídio federal em Brasília.
MIM (CYR) // ANP
By Impala News / Lusa
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