Durão Barroso critica “descoordenação” da defesa europeia e pede aposta na indústria e investigação

O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso considerou hoje que “o problema fundamental” da defesa europeia não é falta de investimento, mas a “descoordenação”, defendendo que a aposta deve ser também industrial e de investigação.

Durão Barroso critica

“O problema fundamental da defesa europeia não é o da falta de investimento. É a descoordenação e a sua fragmentação”, afirmou o social-democrata e antigo primeiro-ministro português, durante uma conferência sobre defesa nacional, organizada pelo Diário de Notícias, que decorre hoje na Academia Militar, na Amadora.

Numa intervenção em que frisou estar a tecer “considerações estritamente pessoais”, José Manuel Durão Barroso defendeu, que, passar da meta de investir 2% do PIB em defesa para “3 % ou 3,5%”, – fasquia que acredita vir a ter “consenso” na cimeira da NATO– não iria resolver os problemas da defesa europeia.

“Podia até agravar os problemas da defesa europeia, porque aumentava as disfuncionalidades e as incompatibilidades que há entre os diferentes sistemas”, sustentou.

Neste contexto, o antigo presidente da Comissão Europeia considera que o “importante” é “conseguir que este acréscimo de despesa e de investimento seja feito de um ponto de vista comunitário”.

Durão Barroso considera que a aposta não deve ser feita apenas a nível militar, mas também a nível industrial e de investigação, dando o exemplo dos EUA, cujo investimento em defesa permitiu “serem, hoje em dia, a primeira potência mundial a nível tecnológico”.

Segundo o antigo primeiro-ministro, ter repercussões na economia era, aliás, a forma de justificar aos cidadãos o investimento na defesa. “Há uma consciência muito forte do perigo que a Europa enfrenta e da necessidade de investir na defesa, mas é necessário que isso seja também sentido pela população”, afirmou.

Durão Barroso considerou ainda uma “inevitabilidade” aumentar a capacidade de defesa e vincou ser “prematuro” declarar que a NATO “está morta”. Mas deixa o aviso: “a Europa tem de deixar de ser o adolescente geopolítico, que é, e deve assumir-se também como um ator responsável no domínio da defesa”.

“Se queremos a paz, é necessário prepararmo-nos para a guerra e, por isso, precisamos de uma dimensão europeia de defesa”, reforçou ainda.

O antigo presidente da Comissão Europeia disse ainda não ver sinais de existir “uma solução de paz para a Ucrânia” num futuro “previsível”, apontando que o presidente da Rússia está “interessado em manter, pelo menos, uma situação de conflito latente”.

JMF // SF

By Impala News / Lusa

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