Eleições moçambicanas deviam acabar com derrotados a cumprimentar vencedores – PR
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, defendeu hoje, enquanto líder da Frelimo, a realização de eleições pacíficas em Moçambique, em que os derrotados cumprimentam os vencedores, numa alusão ao recente processo eleitoral.

“Devia ser assim. Aquele que perde, devia pegar no telefone, ligar para aquele que venceu, desejar muitos parabéns e saber que daqui a cinco anos há outras eleições. E trabalharmos como irmãos moçambicanos e desenvolvermos o nosso país”, afirmou Daniel Chapo.
O chefe de Estado falava como presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), na abertura do seminário de indução dos deputados do partido no poder, que decorre hoje na Matola, e voltou a comparar o processo eleitoral a um jogo de futebol, aludindo aos ilícitos eleitorais apontados pela oposição nas eleições gerais de 09 de outubro, em que foi eleito o quinto Presidente da República.
“O árbitro tem cartões no bolso, cartão amarelo, cartão vermelho, porque sabe que durante os 90 minutos há de existir alguém que, por causa de querer a vitória, vai cometer faltas. Mas, mesmo que haja um cartão vermelho ou cartolinas (…) se há uma equipa que estava a ganhar 2 a 0 e, nesta equipa, há dois jogadores que tiveram cartões vermelhos, saíram por terem cometido irregularidades, estas irregularidades não anulam o resultado do jogo. A equipa continua a ganhar 2 a 0”, apontou.
E com isso, sublinhou, comparando ao processo eleitoral, que “nem todas as irregularidades anulam o resultado do jogo”.
“Quando nós dissemos que devemos ser agentes da estabilidade política, é percebermos que durante 90 minutos as pessoas lá dentro se batem, cometem faltas, porque querem vencer. Mas, quando termina o jogo, o que devia acontecer devia ser igual àquilo que acontece no jogo de futebol. Quando termina o jogo, uma equipa perdeu, a outra ganhou, os jogadores se abraçam e existem até campeonatos em que os jogadores até trocam camisolas”, disse.
As eleições gerais de 09 de outubro degeneraram em agitação social durante vários meses, com 400 mortos, destruição e saque de empresas e de instituições públicas, contestando os resultados. Daniel Chapo assinou em 05 de março um acordo político para pacificação com todos os partidos políticos, que descreveu como uma “nova era” para o país, prevendo reformas estruturantes, em 23 de março reuniu-se pela primeira vez com Venâncio Mondlane, candidato presidencial que convocou os protestos, encontro que repetiu na terça-feira, já num cenário de pacificação.
Na mesma intervenção desta manhã, dirigindo-se aos parlamentares da Frelimo, Chapo disse que devem ter disciplina partidária e fidelidade ao partido, recordando que nas eleições, que voltaram a dar a maioria ao partido na Assembleia da República, nenhum “teve a sua cara” no boletim de voto.
“Todos os eleitores, quando foram votar, votaram na Frelimo. Por isso, é importante o deputado da Frelimo prever que deve pautar o seu comportamento pela observância escrupulosa das normas e princípios dos estatutos e programa do partido Frelimo, diretivas, regulamentos para além da Constituição e a legislação ordinária da República (…). Cada deputado deve ter consciência que está na Assembleia da República a cumprir uma missão do partido”, enfatizou Chapo.
“Com a vossa dedicação e empenho”, garantiu aos deputados do Frelimo que será possível “renovar Moçambique, construindo uma vida melhor” para o povo.
Pedindo o “engajamento de todos”, assegurou que será possível “melhorar o estado das infraestruturas em termos de quantidade e qualidade” e elevar o “nível de capital nacional com a melhoria de qualidade de educação e saúde”.
“Garantiremos que os recursos naturais do país sejam explorados com responsabilidade, beneficiando, de facto, e em primeiro lugar, os moçambicanos e o interesse nacional”, sublinhou Chapo.
“Por isso, camaradas, o interesse nacional e do povo moçambicano deve estar em primeiro lugar do interesse particular e de grupos”, disse.
PVJ // JMC
By Impala News / Lusa
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