Erdogan adverte contra a divisão da Síria e afirma estar pronto a intervir
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou-se hoje pronto a intervir militarmente na Síria em caso de “risco” de fragmentação, quando prosseguem combates no norte deste país entre fações apoiadas por Ancara e combatentes curdos.
“Não podemos permitir que a Síria seja dividida sob qualquer pretexto e, se virmos o mais pequeno risco, tomaremos rapidamente as medidas necessárias”, declarou o chefe de Estado turco.
O aviso do Presidente turco dirige-se aos combatentes curdos e, sobretudo, aos Estados Unidos, que têm apoiado as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma fação turca que foi crucial no combate contra o grupo Estado Islâmico (EI).
“Não há lugar para o terror e aqueles que apoiam o terrorismo serão enterrados com as suas armas”, reiterou Erdogan.
“Se o risco se tornar claro, podemos intervir de repente, de um dia para o outro”, ameaçou o chefe de Estado turco, relembrando que a Turquia tem “a capacidade para o fazer”.
Pelo menos 100 pessoas morreram durante o fim de semana em combates que opõem as fações apoiadas pela Turquia aos combatentes curdos da Unidade de Proteção Popular Curda (YPG), a ‘espinha dorsal’ das FDS.
Ancara considera a YPG uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado pela Turquia como um movimento terrorista.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, já tinha afirmado que “a eliminação do PKK/YPG é apenas uma questão de tempo”, referindo-se à eventualidade de o movimento se juntar ao governo sírio e baixar as armas.
Ainda assim, o chefe da diplomacia turca advertiu que “se [o Ocidente] tiver objetivos diferentes e utilizar o EI como pretexto para reforçar o PKK, tal não acontecerá”.
Desde a queda do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, os grupos armados curdos têm estado envolvidos em combates contra as milícias apoiadas pela Turquia, sobretudo no norte do país.
O novo líder da Síria, Ahmad al-Charaa, já tinha afirmado que se encontrava em negociações com as FDS “para resolver a crise no nordeste” do país, mas manifestou-se contra uma eventual autonomia curda na região.
Após o início da guerra civil na Síria, em 2011, os curdos instrumentalizaram o enfraquecimento de Assad e proclamaram uma região autónoma no norte do país, o que tem vindo a atrair a hostilidade turca.
Al-Charaa, anteriormente conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammad al-Jolani, chefiou a coligação de grupos rebeldes que, liderada pela Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham – HTS, em árabe), derrubou o regime de Assad, há 24 anos no poder na Síria, no dia 08 de dezembro, obrigando-o a abandonar o país com a sua família e a pedir asilo na Rússia.
Na Síria, 13 anos de guerra civil custaram a vida a mais de meio milhão de pessoas e resultaram na divisão do país em zonas de influência de beligerantes com interesses divergentes.
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By Impala News / Lusa
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