EUA e Reino Unido denunciam posse de Maduro e impõem sanções

Os Estados Unidos da América (EUA) condenaram hoje a posse “fictícia” de Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela, enquanto o Reino Unido o classificou como “ilegítimo”, com ambos os países a imporem novas sanções contra o seu regime.

EUA e Reino Unido denunciam posse de Maduro e impõem sanções

“Maduro demonstrou mais uma vez o seu total desrespeito pelas normas democráticas e está a proceder a uma tomada de posse ilegítima”, disse aos jornalistas o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, John Kirby.

O Presidente cessante da Venezuela, Nicolás Maduro, com o apoio do exército e de uma administração sob ordens do poder chavista, foi empossado hoje para um terceiro mandato de seis anos, numa cerimónia descrita como um “golpe de Estado” pela oposição venezuelana, que reivindica a vitória do seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, nas eleições presidenciais de 28 de julho.

A administração cessante de Joe Biden aumentou hoje de 15 para 25 milhões de dólares a recompensa por informações que levem à captura de Nicolás Maduro, por crimes relacionados com tráfico de droga.

O anúncio faz parte de uma nova bateria de sanções que estão a ser impostas pelos EUA.

Além da recompensa por Maduro, os EUA oferecem 25 milhões de dólares (cerca de 24,4 milhões de euros, ao câmbio atual) por informações que levem à captura do ministro do Interior, Diosdado Cabello, e outros 15 milhões (cerca de 14,65 milhões de euros) pela prisão do ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

O Departamento do Tesouro norte-americano (equivalente ao Ministério das Finanças) também impôs sanções económicas a oito altos funcionários do Governo venezuelano que acusa de “repressão”, incluindo o presidente da empresa petrolífera estatal PDVSA, Héctor Obregón Pérez, e o ministro dos Transportes, Ramón Celestino Velásquez.

A administração Biden, que será substituída a 20 de janeiro pela nova administração de Donald Trump, disse que vai tomar “medidas adicionais” para limitar os rendimentos de Maduro e dos seus representantes, analisando, caso a caso, o embargo dos ativos venezuelanos no estrangeiro.

Simultaneamente, os EUA vão prorrogar por mais 18 meses o estatuto de proteção temporária (TPS) concedido a milhares de venezuelanos, permitindo-lhes residir e trabalhar no país.

O anúncio de hoje não inclui o cancelamento das licenças concedidas a empresas estrangeiras, como a Chevron, para a extração de petróleo na Venezuela.

Um alto funcionário do governo norte-americano explicou, numa conferência de imprensa telefónica, que as sanções impostas são uma resposta aos “recentes acontecimentos na Venezuela, incluindo a falsa tomada de posse presidencial de Maduro”, que foi empossado depois de a autoridade eleitoral o ter proclamado vencedor das eleições, sem fornecer os resultados das mesmas, como reclamado por grande parte da comunidade internacional, incluindo Portugal.

A mesma fonte acrescentou que González Urrutia “deve ser empossado hoje como presidente da Venezuela” porque há “provas indiscutíveis” de que ganhou as eleições presidenciais de 28 de julho, de acordo com as atas apresentadas pela oposição.

Já o Reino Unido anunciou hoje sanções a “mais 15 indivíduos associados ao regime contestado de Nicolás Maduro, denunciando simultaneamente a sua reivindicação ilegítima à presidência”, escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico num comunicado.

As sanções visam, nomeadamente, vários juízes do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela.

Na nota informativa, o chefe da diplomacia britânica, David Lammy, descreve a nova presidência de Maduro — que inicia hoje um terceiro mandato – como “fraudulenta”.

David Lammy impôs a nova vaga de sanções para expressar a “séria preocupação” do executivo londrino relativamente aos resultados das eleições presidenciais na Venezuela de 28 de julho, nas quais considera terem sido cometidas “irregularidades significativas” e falta de transparência.

Entre os sancionados estão a presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Caryslia Beatriz Rodríguez, que ajudou a legitimar as eleições de 28 de julho, segundo a nota, ou o diretor do Departamento de Investigações Criminais da Direção-Geral de Contra-espionagem Militar (DGCIM), Asdrúbal José Brito Hernández.

Lammy disse que o resultado das eleições de julho “não foi livre nem justo” e “não representa a vontade dos venezuelanos”.

“As sanções de hoje enviam uma mensagem clara. O Reino Unido não ficará parado enquanto Maduro continua a oprimir, a minar a democracia e a cometer flagrantes violações dos direitos humanos”, salientou.

O político trabalhista acrescenta ainda que “todos os presos políticos devem ser libertados e a repressão continuada deve acabar” e sublinha que Londres continuará a “apoiar os venezuelanos na sua luta por um futuro democrático”.

JH // SCA

By Impala News / Lusa

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