Famílias de reféns protestam no parlamento contra fim da trégua em Gaza

As famílias dos cerca de 20 reféns israelitas que ainda estão na Faixa de Gaza pediram aos apoiantes que participassem num protesto junto ao parlamento de Israel contra o fim do cessar-fogo

Famílias de reféns protestam no parlamento contra fim da trégua em Gaza

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse na terça-feira que ordenou os ataques aéreos do exército israelita contra o território palestiniano devido à falta de progressos nas negociações em curso para prolongar o cessar-fogo.

O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, que lidera um partido de extrema-direita, indicou que o ataque tem como objetivo “devolver todos os reféns e eliminar a ameaça que a Faixa de Gaza representa para os cidadãos de Israel”.

Mas a maioria das famílias dos reféns e grande parte do público israelita acreditam que tais objetivos são irrealistas.

Familiares dos reféns disseram à agência de notícias Associated Press que o tempo está a esgotar-se, principalmente após as recentes libertações de reféns com aspeto emaciado, que mais tarde descreveram as duras condições de cativeiro.

Um dirigente do Hamas, Izzat al-Risheq, disse na terça-feira que a decisão do primeiro-ministro israelita equivale a uma “sentença de morte” para os restantes reféns.

Os ataques aéreos na Faixa de Gaza são “apenas o começo”, avisou Netanyahu.

O movimento islamita palestiniano Hamas “já sentiu a força de Israel nas últimas 24 horas”, disse sobre os ataques que causaram pelo menos 420 mortos.

“Quero assegurar-vos a vós e a eles: isto é apenas o começo”, sublinhou, num discurso transmitido pela televisão.

As negociações sobre a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza “só terão lugar sob fogo, a partir de agora”, afirmou, considerando que a pressão militar “é essencial” para garantir o regresso dos israelitas sequestrados em 07 de outubro de 2023.

Quase 60 famílias têm familiares ainda detidos em Gaza. Acredita-se que cerca de duas dezenas de reféns estejam vivos.

Durante a primeira fase do cessar-fogo, que começou em janeiro, o Hamas libertou 25 reféns israelitas e os corpos de outros oito em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos.

Herut Nimrodi sabia que seria necessário tempo até que o seu filho, um soldado de 20 anos, fosse libertado do cativeiro em Gaza.

Mas com o bombardeamento surpresa de Israel em Gaza, Nimrodi teme que não regresse a casa.

“Eu realmente queria acreditar que ainda há uma hipótese de chegar a um segunda fase sem retomar esta guerra. Mas parece que a minha esperança se desmoronou, e não tenho ideia do que fazer a seguir”, disse.

“Isto não é apenas um desastre em todos os sentidos, pela forma como os reféns continuam a sofrer, acorrentados às paredes, a passar fome, a ser abusados, mas também pelo número de mortos que continua a aumentar do lado de Gaza”, disse Udi Goren, cujo primo, Tal Haimi, foi morto a 07 de outubro e o seu corpo levado para Gaza.

Goren disse que a comunidade internacional deve pressionar o Hamas, Israel e os mediadores — Estados Unidos, Egito e Qatar — para porem fim à guerra.

Sylvia Cunio, cujos dois filhos estão reféns, acusou os dirigentes israelitas de não terem coração.

“Não é certo continuar a luta. Se ele me quer matar, o primeiro-ministro [Netanyahu], que o faça logo, porque eu não vou conseguir aguentar isto”, disse Cunio a uma rádio israelita.

VQ (EJ) // CAD

By Impala News / Lusa

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