Fome pode agravar-se na Somália à medida que se aproxima o fenómeno La Niña

O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou hoje que milhões de somalis correm o risco de passar ainda mais fome entre outubro e dezembro devido ao fenómeno meteorológico La Niña, que diminui ainda mais a precipitação.

Fome pode agravar-se na Somália à medida que se aproxima o fenómeno La Niña

“Sem financiamento urgente para a ação humanitária, o país – que no final de 2022 foi empurrado para a beira da fome – poderá ser novamente mergulhado numa crise de fome causada por uma seca severa”, declarou o PAM em comunicado.

Este alerta, subscrito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), “vem na sequência da mais recente análise da Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (IPC), que revela que 3,6 milhões de pessoas (19% da população) estão atualmente a passar fome na Somália em níveis de crise (IPC3+)”, declarou. 

No entanto, “prevê-se que este número aumente para 4,4 milhões entre outubro e dezembro deste ano, quando se preveem chuvas abaixo da média”, indicou.

“Além disso, 1,6 milhões de crianças com menos de cinco anos correm o risco de sofrer de desnutrição aguda até julho de 2025, incluindo 403.000 que poderão sofrer de desnutrição grave”, alertou.

O diretor nacional do PAM na Somália, Elkhidir Daloum, declarou que, “apesar de [existirem] alguns progressos em matéria de segurança alimentar, muitas famílias continuam a correr o risco de passar fome à medida que os preços dos alimentos sobem e as colheitas diminuem”.

“A nossa atenção deve centrar-se na prestação de assistência imediata, promovendo simultaneamente a resiliência a longo prazo”, disse Daloum.

As conclusões do IPC refletem as previsões meteorológicas globais que indicam uma probabilidade de 80% de condições influenciadas pela La Niña, o que poderá conduzir à seca na Somália, indicou o PAM.

“Embora o número de crianças com desnutrição aguda tenha diminuído e mais pessoas tenham tido acesso a água potável, estes ganhos são frágeis e correm o risco de serem corroídos”, alertou a representante da UNICEF, Wafaa Saeed.

A FAO, o OCHA, a UNICEF e o PAM estão profundamente preocupados com as perspetivas sombrias em matéria de segurança alimentar para os próximos tempos, prosseguiu o PAM. 

“Em 24 de setembro, o Plano de Resposta às Necessidades Humanitárias da Somália para 2024 estava apenas financiado em 37%”, concluiu.

 

NYC // MLL

By Impala News / Lusa

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