Frente Patriótica diz que fome em Angola “é grave” e pede medidas sustentáveis

A Frente Patriótica Unida (FPU), oposição angolana, disse hoje que o problema da fome em Angola “é grave” e “não deve deixar ninguém sossegado”, considerando que o país precisa de medidas efetivas e sustentáveis para o seu combate.

Frente Patriótica diz que fome em Angola

A fome em Angola “é um facto, ela é real e não relativa como se tem dito nas vozes oficiais. A caminho de 50 anos de independência, com 22 anos de paz, nossos cidadãos recorrem à disputa dos contentores de lixo para poderem comer alguma coisa e isso não deve deixar ninguém sossegado”, afirmou hoje o secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwamanga.

Segundo o político da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), que presidiu à conferência de imprensa da FPU, o problema da fome “é grave e o país precisa de medidas efetivas e sustentáveis” para o seu combate.

Medidas que, para Álvaro Chikwamanga, devem incidir em “fortes investimentos” em infraestruturas que “estimulem a produção e encorajem o investimento”.

O político, que fazia o balanço da manifestação de sábado passado em Luanda, promovida pela FPU, plataforma da oposição que congrega os partidos UNITA, Bloco Democrático (BD) e PRA JA Servir Angola, recordou que milhares de pessoas saíram à rua “por uma Angola livre da fome, da pobreza e da violação sistemática do Estado democrático de direito”.

A marcha foi motivada pelo “problema gritante da fome que afeta perto de 9 milhões de angolanos, fenómeno verificável um pouco por todo o país e não apenas na capital Luanda”, pela “pobreza que cresce todos os dias e afeta cerca de 17 milhões de angolanos” e pelo alto custo de vida, afirmou.

Os protestos tiveram também na origem a violação aos direitos humanos, das liberdades fundamentais dos cidadãos, a existência de “presos políticos nas cadeias de Angola, o desrespeito à vontade popular expressa nas urnas e a não-realização das eleições autárquicas”, acrescentou.

A marcha, que juntou políticos, ativistas e membros da sociedade civil e percorreu as ruas da capital angolana sem quaisquer incidentes, teve uma participação “ativa, voluntária e entusiasmada” dos cidadãos, sobretudo jovens que respeitaram as instituições republicanas, frisou.

O também deputado à Assembleia Nacional lamentou ainda o que considerou de “presença excessiva e ostensiva de forças especiais” da Polícia Nacional no decurso da marcha e o “bloqueio” destes nas ruas onde passariam os manifestantes.

“Perante este facto, devemos sensibilizar a polícia para que não venha obstruir a liberdade dos cidadãos que se manifestam nos marcos da lei (…). Lamentar o tratamento desigual que a polícia tem dado às marchas organizadas pelo partido no poder (MPLA) em relação às organizadas pelos partidos na oposição e sociedade civil”, concluiu Álvaro Chikwamanga.

O deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) Virgílio Tchova desvalorizou, na terça-feira, as críticas sobre falta de políticas públicas consistentes de combate à fome, assegurando que esta é uma “preocupação constante” do Governo.

“Isto depende muito da perspetiva de quem diz. O Governo tem uma perspetiva, alguma sociedade civil tem outra perspetiva, precisamos é nos encontrar e termos um discurso em que todos nós percebamos o ponto de vista do outro, acho que o debate é esse”, disse à Lusa Virgílio Tchova.

DAS // MLL

Lusa/Fim

 

 

 

 

 

 

By Impala News / Lusa

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