Hamas acusa Abbas de ter impedido reunião de reconciliação na China

O grupo islamita palestiniano Hamas, que governa de facto a Faixa de Gaza, acusou o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas, de ter impedido uma reunião de reconciliação que deveria decorrer hoje na China.

Hamas acusa Abbas de ter impedido reunião de reconciliação na China

“O movimento Hamas respondeu de forma muito positiva e com grande responsabilidade aos esforços da China para alcançar a unidade nacional palestiniana, mas, recentemente, o Presidente Mahmud Abbas recusou-se a participar na reunião alargada das fações prevista para hoje, o que levou ao respetivo cancelamento”, disse um dos líderes do grupo, Hussam Badran, num comunicado.

Badran sublinhou que Abbas não apresentou qualquer razão para cancelar a participação na reunião, que foi acordada após um encontro bilateral em Pequim, em abril, e encorajada por funcionários chineses, que defendem a criação de um Estado palestiniano como solução para o conflito com Israel.

A agência noticiosa oficial palestiniana Wafa informou que a Fatah (o partido de Abbas), que governa partes da Cisjordânia ocupada, está empenhada no diálogo e “está a trabalhar para completar todos os preparativos para proporcionar o clima adequado para o sucesso da mediação chinesa”.

As duas fações palestinianas estão em desacordo desde 2007, altura em que o Hamas expulsou as forças da Fatah da Faixa de Gaza, dissolveu o executivo conjunto e tomou o poder pela força, depois de ter vencido as eleições legislativas um ano antes.

Vários mediadores, entre os quais o Egito, Arábia Saudita, Qatar e Rússia, tentaram intervir para pôr fim à divisão que se arrasta desde então.

Uma das tentativas mais recentes foi em 2017, quando a Fatah e o Hamas anunciaram, com o Egito como mediador, um acordo segundo o qual a Autoridade Palestiniana retomaria o controlo de Gaza e seriam convocadas eleições legislativas e presidenciais, adiadas “sine die”.

Em março passado, Abbas procedeu a uma mudança no governo da ANP, no âmbito dos esforços para o reformar com um executivo tecnocrático que pudesse assumir o controlo da Faixa de Gaza uma vez terminada a guerra em curso entre Israel e o Hamas, desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita em solo israelita em outubro de 2023, que originou uma grave crise humanitária e mais de 37 mil mortos no pequeno enclave.

Esta reforma estrutural era uma das principais exigências dos Estados Unidos para que a Autoridade Palestiniana pudesse governar a Faixa de Gaza, embora não conste dos planos do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que recusa tal cenário.

 

JSD // SCA

By Impala News / Lusa

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