Hamas pede revolta violenta em todo o mundo contra plano de Trump para Gaza
O Hamas apelou hoje que “qualquer pessoa que possa andar armada” combata em qualquer lugar o plano do Presidente norte-americano Donald Trump, de deslocar os residentes da Faixa de Gaza e assumir o controlo do território palestiniano.

“Perante este plano diabólico, que combina massacres e fome, qualquer pessoa capaz de transportar uma arma em qualquer parte do mundo deve agir”, frisou um líder do movimento islamista palestiniano, Sami Abou Zouhri, em comunicado.
“Não guardem um explosivo, uma bala, uma faca ou uma pedra. Que todos quebrem o silêncio”, acrescentou.
O apelo surge um dia depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter oferecido a opção de permitir que os líderes do Hamas abandonem Gaza com a condição de que o movimento islâmico palestiniano deponha as armas.
O Hamas declarou a sua intenção de renunciar ao controlo de Gaza, mas não de depor as armas, uma “linha vermelha” para o movimento islamista palestiniano.
Netanyahu indicou ainda que Israel está a trabalhar num plano de Trump para realocar os residentes de Gaza para outros países e disse que, após a guerra, Israel irá fornecer segurança em Gaza e “possibilitar a implementação do plano de Trump”.
Dias depois de ter tomado posse, no final de Janeiro, Trump propôs que os 2,4 milhões de residentes de Gaza fossem expulsos do território sem direito de regresso.
Pareceu depois voltar atrás, dizendo que “não levaria avante” o plano amplamente condenado.
As autoridades israelitas, no entanto, parecem estar a levar o plano de Donald Trump a sério, uma perspetiva que preocupa o Hamas, de acordo com Alan Mendoza, diretor executivo da Henry Jackson Society, um ‘think tank’ britânico.
“Isto preocupa o Hamas porque a sua própria existência depende do controlo de Gaza. Sem esse controlo, o movimento já não pode existir”, apontou Mendoza, à agência France-Presse (AFP).
Desde as palavras de Trump, os países árabes colocaram em cima da mesa um projeto alternativo para a reconstrução da Faixa de Gaza sem deslocar a população e que viria a ganhar forma sob a administração da Autoridade Palestiniana em Ramallah.
Para os palestinianos, que condenaram a proposta, a deslocação evoca a “Nakba” (“Catástrofe” em árabe), termo que se refere ao êxodo em massa que se seguiu à criação do Estado de Israel em 1948.
Em 17 de fevereiro, o Ministério da Defesa israelita anunciou a criação de uma agência especial para a “partida voluntária” dos residentes de Gaza, com a principal “assistência significativa que permitirá a qualquer residente de Gaza que deseje emigrar voluntariamente para um terceiro país beneficiar de um conjunto de medidas, incluindo, entre outras coisas, arranjos especiais para a partida por mar, ar e terra”.
Israel retomou o seu bombardeamento intensivo em Gaza em 18 de março e lançou então uma nova ofensiva terrestre, pondo fim a um cessar-fogo de quase dois meses com o Hamas.
Desde o reinício dos combates, mil pessoas foram mortas, de acordo com dados divulgados na segunda-feira pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, elevando o número total de mortos para 50.357 desde a guerra desencadeada pelo ataque do Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023.
O ataque de 07 de outubro resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas raptadas, 58 ainda estão detidas em Gaza, 34 das quais morreram, segundo o exército.
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By Impala News / Lusa
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