Índia organiza eleições na Caxemira cinco anos após revogar autonomia da região

A Índia vai realizar eleições parlamentares em três fases na disputada Caxemira, a partir de 18 de setembro, anunciou hoje o Governo indiano.

Índia organiza eleições na Caxemira cinco anos após revogar autonomia da região

Trata-se das primeiras eleições na região desde que o executivo do primeiro-ministro Narendra Modi retirou o estatuto de semiautonomia ao território de maioria muçulmana, em 2019, segundo a agência norte-americana AP.

Desde então, a região tem sido governada por um administrador nomeado por Nova Deli.

“Após um longo hiato, estão previstas eleições” em três fases, entre 18 de setembro e 01 de outubro, declarou o presidente da Comissão Eleitoral, Rajiv Kumar, em Nova Deli, citado pela agência francesa AFP.

As eleições realizar-se-ão num processo escalonado que permite ao Governo enviar dezenas de milhares de tropas para evitar qualquer surto de violência.

Os votos serão contados em 04 de outubro.

Apesar das eleições, a assembleia local não terá praticamente quaisquer poderes legislativos, mas apenas um controlo nominal sobre a educação e a cultura.

A legislação para a região continuará a ser da competência do parlamento indiano, enquanto as decisões políticas serão tomadas em Nova Deli.

Os políticos locais têm exigido que o estado de Jamu e Caxemira seja restaurado o mais rapidamente possível para que a assembleia local possa voltar a ter plenos poderes legislativos.

A decisão de 2019 significou que Caxemira deixou de ser um estado federal da União Indiana.

Foi então dividida em dois territórios diretamente sob a alçada de Nova Deli, a Caxemira indiana propriamente dita e Ladaj, um enclave budista numa zona montanhosa que faz fronteira com a China.

O primeiro território inclui Jamu, a zona de maioria hindu, e Caxemira, a zona de maioria muçulmana, segundo a agência espanhola Europa Press.

A decisão de Modi foi vista pelos críticos como um ataque direto à minoria muçulmana, em mais um exercício supremacista do primeiro-ministro hindu ultranacionalista.

A soberania da região é disputada pela Índia e pelo Paquistão desde a independência do Reino Unido, em 1947.

A região foi alvo de duas guerras entre os dois países e é afetada pela ação de milícias separatistas islâmicas, num conflito que já custou a vida a mais de 45.000 pessoas desde a década de 1980.

O Governo de Modi defendeu a decisão de 2019 argumentando que a alteração do estatuto traria prosperidade económica à região e poria fim à insurreição.

A realização das eleições foi ordenada pelo Supremo Tribunal do país em dezembro do ano passado.

O mesmo tribunal tinha decidido, um ano antes, validar a decisão de Modi de retirar a autonomia a Jamu e Caxemira.

“As longas filas nas assembleias de voto em Jamu e Caxemira durante as últimas eleições são a prova de que as pessoas não só querem a mudança, mas também querem levantar a voz e fazer parte dessa mudança”, disse o presidente da Comissão Eleitoral.

“O povo de Jamu e Caxemira preferiu o voto às balas durante as últimas eleições”, acrescentou Rajiv Kumar em comentários publicados no jornal Times of India.

PNG // SCA

By Impala News / Lusa

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