Israel ameaça intensificar ainda mais os seus ataques na Faixa de Gaza
Israel ameaçou hoje intensificar ainda mais os seus ataques em Gaza, onde pelo menos 25 pessoas foram mortas na transição para 2025, segundo trabalhadores humanitários no território palestiniano, preocupados com a crítica situação humanitária.
O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, à margem de uma visita a Netivot, uma cidade de Israel recentemente alvo de disparos de ‘rockets’ a partir da vizinha Faixa de Gaza, disse querer “enviar uma mensagem clara” ao movimento islamita palestiniano Hamas.
“Se o Hamas não permitir em breve a libertação dos reféns israelitas detidos em Gaza (…) e continuar a disparar contra a população israelita, expor-se-á a golpes de uma intensidade que Gaza não vê há muito tempo”, ameaçou Katz, após vários ‘rockets’ terem sido disparados contra o seu país nos últimos dias, sem causar feridos.
De acordo com a Defesa Civil de Gaza, três ataques israelitas distintos mataram pelo menos 25 pessoas na faixa costeira palestiniana desde as primeiras horas da manhã.
“Enquanto o mundo celebra o Ano Novo, damos as boas-vindas a 2025 com o primeiro massacre israelita na Faixa de Gaza”, disse o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, citado pela agência France-Presse (AFP).
O relógio mal tinha batido as 00:00 quando um ataque israelita a uma casa em Jabalia, no norte do país, fez 15 mortos e mais de 20 feridos entre três famílias deslocadas. Contactado pela AFP, o exército israelita não fez qualquer comentário imediato.
“É um massacre, há crianças e mulheres em pedaços. Ninguém sabe porque é que a casa foi atingida, só havia civis”, disse Jibril Abou Warda, 35 anos, familiar de várias das vítimas.
Imagens mostram mulheres em lágrimas diante de corpos alinhados no chão, incluindo os de crianças, antes de serem embrulhados em lençóis brancos.
“Não queremos ajuda humanitária, queremos que a guerra acabe. Chega de derramamento de sangue! Basta!”, disse outro familiar enlutado, Khalil Abou Warda, enquanto pessoas continuavam a procurar nos escombros da casa.
Desde 06 de outubro, o exército israelita tem levado a cabo uma intensa ofensiva terrestre e aérea no norte de Gaza, em especial em Jabalia, para impedir que os combatentes do Hamas se reagrupem nessa zona.
“Não há nada à minha volta para além de ruínas e desolação. As pessoas não sabem o que fazer nem para onde ir. Não sabem como sobreviver”, disse um funcionário humanitário da Organização das Nações Unidas, Jonathan Whittal, num vídeo, depois de ter conseguido chegar ao local.
Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas pela guerra no território palestiniano sitiado e estão frequentemente reduzidas a viver em tendas improvisadas, inadequadas às condições de Inverno.
“Mais de 1.500 tendas que albergam pessoas deslocadas foram inundadas nos campos de Gaza”, alertou a Defesa Civil de Gaza após uma vaga de mau tempo nos últimos dias.
“Há três dias que não dormimos, com medo que os nossos filhos adoeçam por causa do Inverno, mas também que os mísseis caiam sobre nós”, disse Samah Darabieh, que vive no campo de Beit Lahia, no norte de Gaza.
O organismo israelita que supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinianos ocupados (Cogat) anunciou hoje que 55 pacientes, na sua maioria crianças, foram retirados do território palestiniano, juntamente com 72 acompanhantes, para tratamento nos Emirados Árabes Unidos.
A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.208 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem baseada em números oficiais israelitas e incluindo reféns que morreram ou foram mortos em cativeiro em Gaza.
Pelo menos 45.553 pessoas foram mortas na campanha militar de retaliação de Israel em Gaza, a maioria civis, de acordo com os últimos números divulgados pelo Ministério da Saúde do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU.
LFS // MDR
By Impala News / Lusa
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