Justiça da Argentina investiga “supostos crimes” do Governo da Venezuela

A justiça da Argentina ordenou a abertura de uma investigação sobre os “supostos crimes” cometidos pelo Governo da Venezuela, liderado pelo Presidente Nicolás Maduro, no âmbito do “princípio da justiça universal”

Justiça da Argentina investiga

De acordo com a agência de notícias EFE, os juízes Leopoldo Bruglia, Pablo Bertuzzi e Mariano Llorens decidiram que “é apropriado assumir a jurisdição universal e jurisdição extraterritorial dos órgãos judiciais da República Argentina para o devido julgamento”.

A investigação tinha sido pedida em 2023 pelo procurador federal argentino Carlos Stornelli, após denúncias apresentadas pelo Fórum Argentino para a Defesa da Democracia (FADD) e pela Fundação Clooney para a Justiça, fundada pela advogada Amal Clooney.

O FADD disse que a investigação procura determinar “se foram cometidas violações dos direitos humanos na Venezuela com provas de crimes contra a humanidade pelas forças de segurança venezuelanas contra a oposição”.

A decisão dos juízes da Câmara Federal de Buenos Aires sublinhou que os processos devem ser conduzidos “com celeridade” porque são “essenciais para combater as ações criminosas levadas a cabo pelas autoridades estatais do Governo venezuelano”.

“Se os requisitos legais forem cumpridos, procederemos à solicitação de uma investigação dos acusados” na Argentina, acrescentaram os juízes Bruglia e Bertuzzi.

O terceiro juiz, Mariano Llorens, acrescentou que a investigação irá abranger Maduro, o deputado Diosdado Cabello — considerado o número dois do chavismo — “e todos os identificados como responsáveis” por “graves violações dos direitos humanos e crimes contra a humanidade”.

O presidente do FADD, Waldo Wolff, disse que a decisão era “histórica, porque ele [Maduro] será investigado por tortura, desaparecimento forçado de pessoas e detenção”.

“É um verdadeiro ato de justiça colocar perante a justiça aqueles que derramaram o sangue do seu povo”, acrescentou Wolff, na rede social X (antigo Twitter).

A secretária-geral do FADD, Elisa Trotta, disse num comunicado que “o mundo deve ser menor para aqueles que procuram permanecer no poder através da barbárie”.

“Tortura, desaparecimento forçado, prisão e perseguição seletiva são crimes contra a humanidade”, que devem ser investigados não apenas pelo Tribunal Penal Internacional, mas também “pelo sistema de justiça de países como a Argentina”, acrescentou.

Horas antes, a ministra dos Negócios Estrangeiros argentina anunciou que o Governo de Buenos Aires está a negociar salvo-condutos para os opositores venezuelanos que se encontram desde 26 de março refugiados na embaixada da Argentina em Caracas.

Diana Mondino asseverou que os opositores têm desde sexta-feira passada o estatuto de asilados políticos, que lhes foi concedido pelas autoridades argentinas.

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By Impala News / Lusa

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