Kremlin alega atacar apenas alvos “militares ou quase militares” em Sumi

O Kremlin alegou hoje que as forças armadas russas atacam exclusivamente “alvos militares ou quase militares” na Ucrânia, após uma ofensiva que provocou no domingo pelo menos 34 mortos no centro da cidade de Sumi, no nordeste do país.

Kremlin alega atacar apenas alvos

“Os nossos militares atacam exclusivamente alvos militares e quase militares”, garantiu o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa, reivindicando que os ataques permitiram abater 60 soldados ucranianos durante uma reunião do alto comando do exército ucraniano na cidade do norte do país.

A Rússia, que denunciou o facto de Kiev utilizar civis como “escudos humanos”, tem insistido que não visa infraestruturas civis na Ucrânia, apesar de inúmeras cidades terem sido destruídas e dezenas de milhares de civis mortos ou feridos desde o início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022, segundo observadores.

O ataque com mísseis russos no domingo, em Sumi, na Ucrânia, fez 34 mortes e 119 feridos, incluindo 15 crianças, de acordo com os últimos dados fornecidos pelos Serviços de Emergência da região.

Numa declaração divulgada na televisão ucraniana, o porta-voz da organização, Oleg Strilka, revelou que sete dos mortos eram menores.

A Rússia atacou o centro de Sumi na manhã do ‘Domingo de Ramos’ com dois mísseis ‘Iskander’ consecutivos lançados no centro da cidade.

O ataque gerou consternação na Ucrânia e as autoridades apelaram urgentemente aos Estados Unidos para que tomem medidas decisivas contra a Rússia para forçar o Kremlin a pôr fim aos ataques.

Este ataque foi deplorado por vários líderes internacionais e instituições, entre eles o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que se manifestou domingo “profundamente alarmado e chocado”.

[“O ataque perpetua] uma série devastadora de ataques semelhantes a cidades e aldeias ucranianas nas últimas semanas, que causaram vítimas civis e destruição em grande escala”, afirmou Guterres num comunicado assinado pelo porta-voz, Stéphane Dujarric.

“O secretário-geral sublinha que os ataques contra civis e objetos civis são proibidos pelo direito humanitário internacional e que tais ataques, onde quer que ocorram, devem cessar imediatamente”, acrescenta o texto.

A ofensiva surge numa altura em que os Estados Unidos estão a tentar negociar um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia.

Em março, Kiev concordou com um cessar-fogo total de 30 dias, mas Moscovo tem recusado e, até agora, apenas foi acordada uma trégua contra o sistema energético e uma trégua contra o sistema marítimo no Mar Negro, embora nenhuma delas esteja a ser cumprida.

A Casa Branca considerou que o ataque constitui “uma lembrança clara” do imperativo de negociar para acabar com “esta guerra terrível”.

“O ataque com mísseis em Sumi é uma lembrança clara e forte da razão pela qual os esforços do Presidente [norte-americano] Donald Trump para tentar pôr fim a esta terrível guerra chegam num momento crucial”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, num comunicado.

Por outro lado, o Kremlin alertou também hoje para o risco de uma “escalada” no conflito na Ucrânia, caso a Alemanha decida fornecer mísseis ‘Taurus’ a Kiev, depois de o futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, se ter mostrado disponível para tal, mediante acordo com os parceiros europeus.

Merz “apoia várias medidas que podem conduzir, e inevitavelmente conduzirão, a uma nova escalada da situação em torno da Ucrânia”, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, na mesma conferência de imprensa.

O chanceler cessante, Olaf Scholz, tem-se recusado até agora a fornecer a Kiev estes mísseis, com capacidade para atingir profundamente o território russo, por receio de uma escalada do conflito.

 

JSD (PFT/APL) // APN

By Impala News / Lusa

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