Lavrov reúne-se com enviada especial da ONU para falar de situação das crianças ucranianas

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, reuniu-se com uma representante especial da ONU para debater a situação das crianças ucranianas deportadas pela Rússia, indicou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) russo.

O encontro entre Lavrov e a representante especial do secretário-geral da ONU sobre crianças em conflitos armados, Virginia Gamba, realizou-se na quinta-feira mas só hoje foi divulgado pela diplomacia russa.

Segundo o ministério russo, Lavrov e Virginia Gamba apresentaram os respetivos pontos de vista sobre questões como a cooperação na prevenção de violações graves dos direitos humanos das crianças em conflitos armados “em várias regiões do mundo, incluindo a Ucrânia”.

Na reunião, foi também reafirmada “a importância da adoção por todas as partes envolvidas de medidas práticas para a proteção eficaz dos menores em zonas críticas e o cumprimento das normas universais do direito internacional humanitário”, referiu o MNE russo.

Este encontro de Lavrov com a representante argentina de António Guterres ocorre dois meses após a emissão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de um mandado de captura do Presidente russo, Vladimir Putin, “presumível responsável” pela deportação ilegal de menores ucranianos para a Rússia e pelo seu transporte de zonas ocupadas da Ucrânia para território russo, o que representa um crime de guerra.

O tribunal da ONU com sede em Haia também emitiu outro mandado de captura para a comissária presidencial para os Direitos da Criança na Rússia, Maria Lvova-Belova, que adotou uma criança ucraniana.

De acordo com as autoridades ucranianas, foram documentados mais de 19.400 casos de menores transportados para zonas sob controlo russo, mas asseguram que o número poderá ser muito mais elevado.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 450.º dia, 8.836 civis mortos e 14.985 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

ANC // SCA

By Impala News / Lusa

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