Líderes da UE em reunião extraordinária 5.ª feira sobre Defesa

Os líderes da União Europeia vão reunir-se na quinta-feira em Bruxelas numa cimeira extraordinária na qual se esperam as primeiras decisões a curto prazo sobre a Defesa comunitária, face ao delicado contexto geopolítico de contínua guerra na Ucrânia.

Líderes da UE em reunião extraordinária 5.ª feira sobre Defesa

Duas semanas depois de se terem assinalado os três anos de guerra a Ucrânia causada pela invasão russa e numa altura de tensões entre a administração norte-americana e a liderança ucraniana, os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) vão demonstrar a sua “clara vontade” para tomar medidas para a Europa ser mais soberana, autónoma e estar melhor equipada na área da defesa e da segurança, face ao atual contexto “delicado”, referiram diferentes fontes na antevisão do encontro.

“Esperamos uma cimeira produtiva, com importantes decisões, num ‘timing’ que é certo para a UE mostrar que está pronta para continuar a apoiar a Ucrânia”, apontou um alto funcionário europeu.

Um outro comentou que “a situação bastante frágil obriga [a UE] a fazer coisas diferentes do que fez no passado”, o que está relacionado com “as mudanças [políticas] nos Estados Unidos e na mentalidade dos Estados-membros”.

No encontro, os líderes da UE vão comprometer-se a “acelerar a mobilização dos instrumentos e financiamentos necessários” para tornar o bloco comunitário “mais forte e mais capaz no domínio da segurança e da defesa, contribuindo positivamente para a segurança global e transatlântica e complementando a NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”, segundo com um rascunho das conclusões a que a agência Lusa teve acesso.

Na carta-convite enviada aos líderes da UE, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse esperar “as primeiras decisões a curto prazo”, o que passa por acordar politicamente gastar mais com defesa, individualmente e em conjunto.

Isso mesmo tem vindo a pedir a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que na terça-feira anunciou querer mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

Em causa está o plano Rearmar a Europa, assente em cinco vertentes: um novo instrumento ao nível da UE para circunstâncias extraordinárias (como o que foi criado para assistência financeira aos países em empréstimos a condições favoráveis durante a covid-19 para evitar o desemprego), a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais para evitar procedimentos por défice excessivo (para aumento da despesa pública com defesa, num máximo de 1,5% por ano), a reafetação de verbas de outros fundos (como da Coesão), verbas do Banco Europeu de Investimento e ainda capital privado.

Entre 2021 e 2024, a despesa total dos Estados-membros com a defesa aumentou mais de 30%, ascendendo a um montante estimado de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do PIB da UE.

Na carta-convite enviada aos chefes de Governo e de Estado da União, o presidente da instituição europeia que os junta disse também existir “uma nova dinâmica, que deverá conduzir a uma paz global, justa e duradoura” no que toca à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, que já entrou no quarto ano.

A reunião de alto nível de quinta-feira visa discutir as contribuições europeias para as garantias de segurança necessárias, focando-se em tornar a Ucrânia mais forte na mesa de negociações com vista ao fim do conflito com a Rússia.

“Não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia” e “não podem haver negociações que afetem a segurança europeia sem a participação da Europa”, é indicado no rascunho das conclusões da cimeira extraordinária, consultado pela Lusa.

Desde o início da guerra em fevereiro de 2022, a UE e os seus Estados-membros disponibilizaram quase 135 mil milhões de euros em apoio à Ucrânia, incluindo cerca de 49 mil milhões de euros para as forças armadas ucranianas, tendo ainda avançado com 16 pacotes de sanções contra a Rússia.

Só este ano, o apoio financeiro comunitário a Kiev é de 30 mil milhões de euros.

ANE // APN

By Impala News / Lusa

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