Macron sublinha necessidade de garantias para paz estável e duradoura para a Ucrânia
O Presidente francês, Emmanuel Macron, sublinhou hoje perante o homólogo norte-americano, Donald Trump, a necessidade de “garantias” para a Ucrânia alcançar uma paz “estável e duradoura” com a Rússia.
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Macron falava à margem de um encontro com Trump na Casa Branca, no dia em que se assinalam três anos sobre o início da invasão russa, e enquanto decorrem contactos diretos entre Washington e Moscovo sobre um acordo de paz na Ucrânia, dos quais foram excluídos o bloco europeu e Kiev.
Em declarações à imprensa na Sala Oval da Casa Branca, Macron definiu como “objetivo comum, claramente, construir a paz, uma paz sólida e duradoura”, com “grande respeito pela coragem e resiliência do povo ucraniano”.
“Partilhamos o objetivo da paz, mas estamos muito conscientes da necessidade de garantias para alcançar uma paz estável que permita que a situação estabilize”, acrescentou.
Na última semana, Trump adotou uma postura conciliatória em relação à Rússia e crítica em relação à Ucrânia e em particular ao seu Presidente, Volodymyr Zelesnsky.
Horas antes do encontro, os Estados Unidos votaram ao lado da Rússia e de aliados deste país como a Bielorrússia, contra uma resolução não vinculativa da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) exigindo o fim das hostilidades na Ucrânia e reafirmando a soberania, independência, unidade e integridade territorial ucraniana.
A resolução em causa, apresentada pela Ucrânia e pela União Europeia, foi ainda assim aprovada com 93 votos a favor, 18 contra e 65 abstenções.
O texto europeu, que contou com o voto a favor de Portugal, reitera a exigência para que a Rússia retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares da Ucrânia e pede uma resolução pacífica para a guerra na Ucrânia.
Na Casa Branca, onde Trump monopolizou quase por completo as respostas à imprensa durante meia hora, o Presidente francês disse estar a participar no encontro como “amigo”, sublinhando que os dois países são aliados há séculos e que também tem uma relação de “amizade pessoal” com Trump, com quem trabalhou “muito bem” no passado, incluindo durante o seu primeiro mandato (2017-2021).
Falando em nome da Europa, Macron disse que o continente estava pronto para “dar um passo em frente para ser um parceiro mais forte” na defesa e na segurança, em linha com o pedido de Trump.
Apesar do tom cordial do encontro, com sorrisos, apertos de mão e um Trump que disse “adorar” a língua francesa, ambos os líderes tiveram um pequeno desentendimento no final do encontro quando Trump disse que a Europa dá à Ucrânia a sua ajuda sob a forma de “empréstimos” que são depois recuperados.
Macron, depois de lhe tocar levemente no braço, ressalvou: “Na verdade, para ser franco, pagámos 60%. Pagámos 60% da dívida total”.
Explicou ainda que parte dos fundos europeus destinados à Ucrânia provêm dos 30 mil milhões de euros de ativos russos congelados na Europa, ao que Trump respondeu: “Se acredita nisso, para mim está tudo bem”.
Embora Trump tenha afirmado que os Estados Unidos prestaram mais ajuda à Ucrânia do que a Europa, os dados mostram o contrário.
Os países europeus, incluindo a União Europeia, atribuíram um total de 132 mil milhões de euros, enquanto Washington atribuiu 114 mil milhões de dólares em assistência total, abrangendo a ajuda humanitária e militar. No entanto, os Estados Unidos superaram a Europa no fornecimento de ajuda militar, de acordo com dados oficiais.
O Presidente norte-americano mostrou-se confiante de que o conflito na Ucrânia pode terminar “dentro de semanas” e disse estar convencido de que Putin aceitará a presença de forças militares europeias na Ucrânia, no âmbito de um eventual acordo de paz.
“Acho que a guerra pode acabar em breve. Dentro de semanas. Acho que sim. Acho que podemos acabar com ela em semanas se formos inteligentes. Se não formos inteligentes, ela vai continuar e continuaremos a perder pessoas jovens e bonitas que não deveriam estar a morrer. E não queremos isso”, disse Trump.
Trump anunciou que Zelensky deverá visitar a Casa Branca ainda esta semana ou na próxima semana.
“Gostaria de me encontrar com ele na Sala Oval. Estamos a trabalhar no acordo, estamos muito perto de um acordo final, que incluirá terras raras (minérios) e outras coisas. Gostaria que ele viesse aqui para o assinar”, disse Trump.
O anúncio da visita de Zelensky à Casa Branca surge no meio de escalada de tensão entre Kiev e Washington e depois de o Presidente norte-americano ter chamado Zelensky de “ditador não eleito”.
Questionado sobre se também chamaria ao Presidente russo, Vladimir Putin, de ditador, Trump respondeu que não usa essas palavras com ligeireza.
PDF (RJP/MYMM)// RBF
By Impala News / Lusa
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