Malásia apela a maior integração na ASEAN e união face a tarifas dos EUA
O sudeste asiático deve acelerar a integração económica, diversificar os mercados e manter-se unido face às perturbações no comércio global resultantes das tarifas dos Estados Unidos, disse o chefe da diplomacia da Malásia

O ministro dos Negócios Estrangeiros malaio, Mohamad Hasan, falava durante a abertura da primeira cimeira anual de chefes de Estado e de Governo da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur.
“Os países da ASEAN estão entre os mais afectados pelas tarifas impostas pelos EUA. A guerra comercial entre os EUA e a China está a perturbar drasticamente os padrões de produção e comércio em todo o mundo”, disse Mohamad.
O diplomata admitiu mesmo que “é provável que ocorra uma desaceleração económica global”.
“Devemos aproveitar este momento para aprofundar a integração económica regional, para que possamos proteger melhor a nossa região de choques externos,” acrescentou Mohamad.
Os países da ASEAN, muitos dos quais dependem das exportações para os EUA, estão a sofrer com tarifas que variam entre 10% e 49%. Seis dos dez países membros da associação estavam entre os mais afetados, com tarifas que variavam entre 32% e 49%.
A ASEAN tentou, sem sucesso, marcar uma reunião inicial com os EUA como um bloco. Quando o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou em abril uma pausa de 90 dias nas tarifas, países como a Malásia, a Indonésia, a Tailândia e o Vietname iniciaram rapidamente negociações comerciais bilaterais com Washington.
A unidade da ASEAN é crucial, uma vez que a região lida com os impactos das alterações climáticas e com a perturbação causada pelo uso da inteligência artificial e de outras tecnologias não regulamentadas para fins criminosos, disse Mohamad.
O diplomata acrescentou que a ASEAN, cuja presidência rotativa pertence à Malásia, será testada pela pressão externa, incluindo uma rivalidade entre superpotências.
“As pressões externas estão a aumentar, e o âmbito dos desafios nunca foi tão grande”, disse Mohamad.
“Portanto, é crucial que reforcemos os laços que nos unem, para que não se desfaçam sob pressões externas. Para a ASEAN, a unidade é agora mais importante do que nunca”, sublinhou.
De acordo com um projeto de declaração que deverá ser divulgado na segunda-feira, os líderes da ASEAN manifestaram a sua “profunda preocupação (…) com a imposição de medidas tarifárias unilaterais”.
As medidas dos Estados Unidos “representam desafios complexos e multidimensionais ao crescimento económico, à estabilidade e à integração da ASEAN”, de acordo com o projeto de declaração.
Mohamad reiterou ainda o apelo às partes em conflito em Myanmar (antiga Birmânia) para que cessem as hostilidades numa guerra civil que matou milhares e desalojou milhões de pessoas desde a tomada do poder pelos militares, em 2021.
Nesta cimeira poderá também ser decidida a adesão plena do lusófono Timor-Leste, como admitiu recentemente o Presidente timorense, José Ramos-Horta.
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By Impala News / Lusa
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