Manifestações pró e contra o regime convocadas pela segunda vez na Guiné-Bissau

Apoiantes e opositores do regime na Guiné-Bissau convocaram para hoje manifestações, dois meses depois de terem tomado a mesma iniciativa com mais polícias do que manifestantes nas ruas da capital guineense.

Manifestações pró e contra o regime convocadas pela segunda vez na Guiné-Bissau

Tal como aconteceu em maio, a manifestação dos apoiantes do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, é convocada pela Plataforma “Firkidja di Povo” (Forquilha do Povo), enquanto a dos opositores é da iniciativa da Frente Popular com o lema “Republika I Anos” (A República é Nossa).

Os apoiantes do regime dizem que pretendem mostrar “indignação pela decisão do juiz que libertou os senhores Suleimane Seidi e António Monteiro que roubaram no Tesouro Público seis mil milhões de francos CFA”, cerca de nove milhões de euros.

Este movimento contesta a libertação dos ex-governantes do executivo que estavam detidos há oito meses, desde que o chefe de Estado dissolveu o parlamento da maioria PAI-Terra Ranka, liderada pelo PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), sob a acusação de pagamentos indevidos de dívidas do Estado a empresas.

A manifestação deste grupo está prevista para começar às 08:00 da manhã de hoje e vai partir da localidade da Chapa, em Bissau, até ao clube desportivo da UDIB, no centro da capital guineense.

Este grupo apela ainda aos guineenses para apoiarem o Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, nas próximas eleições para o seu segundo mandato.

No lado oposto está a Frente Popular, uma plataforma que junta grupos de mulheres, de jovens e de sindicatos, que anuncia para hoje uma “manifestação pacífica em todo o país e na diáspora” (estando também marcada uma concentração em Lisboa) contra a dissolução do parlamento e a manutenção da direção da Comissão Nacional de Eleições, cujo mandato consideram já ter caducado.

A Frente Popular, que tem como objetivo “salvar a democracia” que diz estar ameaçada na Guiné-Bissau, exige a realização de eleições no Supremo Tribunal de Justiça, que afirma “estar capturado pelo Presidente da República” e ainda a marcação da data das eleições presidenciais ainda este ano.

O Presidente guineense tem afirmado, por várias vezes, que as eleições presidenciais só terão lugar em 2025, uma posição contrariada por várias organizações da sociedade civil e partidos políticos que advogam que o escrutínio deve ser realizado em 2024, já que tem de acontecer antes do fim do atual mandato de Sissoco Embaló, que ocorre em fevereiro de 2025.

Na manifestação convocada para maio, cerca de 100 ativistas da Frente Popular foram detidos pela polícia na 2.ª Esquadra de Bissau, alguns dos quais estiveram encarcerados durante 10 dias.

HFI/MB // MLL

By Impala News / Lusa

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